Fazendo-me falta todos os dias, há dias em que sinto mais a tua falta. Hoje é um desses dias. Será porque lá fora corre um vento gelado? Ou será, antes, porque nos dois dias antecedentes voltei, muito brevemente, aos lugares da minha infância e às memórias de dias menos agrestes, misturadas com as de outros que não gosto de recordar? Interrogo-me e não encontro resposta alguma que não seja que me fazes falta hoje, particularmente hoje, meu amor.
De regresso a memórias e lugares de infância, já aí senti a tua ausência, se bem que a tua memória só longinquamente ecoe por essas paragens. Desejei ter-te lá comigo. Desejei que me ajudasses a reencontrar-me com o lado feliz desse reencontro. Talvez desse modo fosse capaz de deixar de estar por lá de fugida, como vem acontecendo há muitos anos. Porque será que esses lugares me atraem e repelem, simultaneamente? Será porque me sinto aí sem ti? Mas, e aqui, sem ti, como me devo sentir? Queres dizer-mo?
De volta a esta terra, agora também minha, julguei ficar mais próximo de ti. Pura ilusão: quanto mar a separar-nos, quanto vento gelado a tolher-nos os passos. Logo hoje, meu amor, em que só o calor do teu corpo poderia trazer-me algum conforto.
Olho em volta, tento descortinar por entre os raios de sol que rasgam o horizonte o calor que os raios do sol costumam trazer e a minha mente logo foge para ti, ansiando calor, procurando conforto. Olho em volto, vejo sinais teus em cada objecto que me rodeia, mas de ti nem sinal, nem aceno. Por onde andas tu, querida Helena, neste dia tão agreste. Sentirás tu o mesmo desconforto que eu sinto? Correste tu para mim com a mesma energia com que eu corri para ti, de modo a vencer a resistência deste vento de Inverno, quando a Primavera já se fez anunciar? Vou crer que sim. Vou crer que foi este vento que foi mais forte que a urgência que eu tinha que nos apertássemos nos braços.
Hoje, este vento gelado venceu. Amanhã preciso que vençam outras forças da natureza, sob pena que se extinga a réstia de energia que alimenta este meu corpo enregelado, trémulo, carente de ti.
José Cadima
De regresso a memórias e lugares de infância, já aí senti a tua ausência, se bem que a tua memória só longinquamente ecoe por essas paragens. Desejei ter-te lá comigo. Desejei que me ajudasses a reencontrar-me com o lado feliz desse reencontro. Talvez desse modo fosse capaz de deixar de estar por lá de fugida, como vem acontecendo há muitos anos. Porque será que esses lugares me atraem e repelem, simultaneamente? Será porque me sinto aí sem ti? Mas, e aqui, sem ti, como me devo sentir? Queres dizer-mo?
De volta a esta terra, agora também minha, julguei ficar mais próximo de ti. Pura ilusão: quanto mar a separar-nos, quanto vento gelado a tolher-nos os passos. Logo hoje, meu amor, em que só o calor do teu corpo poderia trazer-me algum conforto.
Olho em volta, tento descortinar por entre os raios de sol que rasgam o horizonte o calor que os raios do sol costumam trazer e a minha mente logo foge para ti, ansiando calor, procurando conforto. Olho em volto, vejo sinais teus em cada objecto que me rodeia, mas de ti nem sinal, nem aceno. Por onde andas tu, querida Helena, neste dia tão agreste. Sentirás tu o mesmo desconforto que eu sinto? Correste tu para mim com a mesma energia com que eu corri para ti, de modo a vencer a resistência deste vento de Inverno, quando a Primavera já se fez anunciar? Vou crer que sim. Vou crer que foi este vento que foi mais forte que a urgência que eu tinha que nos apertássemos nos braços.
Hoje, este vento gelado venceu. Amanhã preciso que vençam outras forças da natureza, sob pena que se extinga a réstia de energia que alimenta este meu corpo enregelado, trémulo, carente de ti.
José Cadima
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