Num novelo de lã me quero esconder,
quietinho, aconchegado, a salvo;
a salvo do que vai lá fora,
a salvo do que ficar fora do meu novelo de lã.
Deixem-me procurar um lugar
onde possa permanecer recolhido,
longe da impiedosa lei
que, nos sonhos, traz a luz.
A opressão ataca os pobres
que querem sonhar,
encurrala-os em becos sem saída,
enche-nos a vida de medos.
Pressinto longe o meu novelo de lã.
Quem me dera tê-lo mais perto,
ali, ao alcance de uma mão.
José Pedro Cadima
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