sexta-feira, junho 15, 2012

(Novas) Viagens na minha terra

Saí cedo de Braga, rumo ao Sul. Da janela do comboio, olho a paisagem e tento encontrar algo que se me sugira familiar.
Há muito tempo que não fazia este percurso ou, pelo menos, pareceu-me muito tempo. Talvez seja mesmo, que o tempo é uma realidade relativa.
De quando em quando, enquanto a paisagem flui perante os meus olhos, o pensamento  retorna ao ponto de partida. Voltam a configurar-se-me nítidos os cães que, ainda noite, desciam a rua a par, em pose relaxada, o recorte e o tic-tac dos relógios despertadores que, afinal, acabaram por não ser necessários. Quase nunca o são, aliás, nem mesmo quando faziam falta, como numa noite, há poucas semanas, em que precisava acordar a meio da noite, como aconteceu hoje.
Volto a viajar só. Volto a um lugar aonde estive poucas vezes mas a que me apeteceu retornar nesta ocasião.
De repente, no topo de uma casa, vejo uma bandeira que esvoaça. De repente, nos altifalantes da carruagem do comboio, oiço uma voz que enuncia o nome de um lugar (do Portugal profundo) e anuncia nova paragem, bem curta, por sinal.
O comboio prossegue viagem, e eu com ele. Fico a aguardar que a voz que, de quando em quando, anuncia uma nova paragem diga um nome em que reconheça o meu destino de hoje. O de amanhã não me ocorre qual possa ser.

José Cadima

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