segunda-feira, janeiro 31, 2011

Navegar (II)

Navegar é preciso, dizes tu. Mas navegar para onde, pergunto eu. Concordarás que, também para navegar, é preciso um rumo e, por esta altura, eu sigo rumo a lugar algum. Aliás, não sei sequer se navego ou se a minha barca balança, simplesmente, ao sabor da ondulação.
Vai forte a brisa. Faltam-me as forças para remar. Desafio imenso já tu és/eras. Alcançar-te com esta minha embarcação sugere-se-me utopia. Navegar sim, mas para onde?
Já não vislumbro a silhueta da tua barca. A tua silhueta há muito que havia deixado da descortinar. Foi utopia sonhar que as nossas barcas podiam seguir juntas. Sem te ter no horizonte, fico sem rumo. Sigo já sem rumo algum, se é que navego e não é antes a ondulação que me transmite esta sensação de navegar.

José Cadima

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