“Num encontro ocasional, endereçou-me o director do «Notícias do Minho» convite para uma colaboração regular no seu jornal. Com a frontalidade que uso pôr nas posições que tomo, facilitada no caso em presença pela partilha de valores geracionais, retorqui-lhe na ocasião que não via reunidas condições para o meu envolvimento num «projecto jornalístico» que vagamente identificava. Para pôr mais claro – terá sido mesmo a expressão que usei – um projecto jornalístico que se definia por fundamentalmente pela negativa, isto é, cujo elo de união entre os seus promotores residia em estarem contra alguma coisa ou alguém.
Tudo terminaria aí não fora o jornalista em referência, já quando virava as costas para se afastar, me ter respondido que o seu projecto não era mudar o mundo. Receio bem que não tenham sido essas as palavras que usou, mas também isso não é o essencial. O essencial seria, na leitura que faz, cultivar um projecto de liberdade informativa, de abertura à sociedade na sua pluralidade, grandezas e misérias.
Cultor da liberdade que sou, a ponto de ser incapaz de aceitar amarras clubísticas por mais ténues que sejam, esta resposta desestabilizou-me. Provocador sim, mas não tanto!
Ora, eu que me mobilizo especialmente pelo que me desafia, pelo que é novo, não vi forma de aplacar a minha consciência que não fosses desestabilizar o provocador (pelo menos, tentar; haverá mérito naquele se souber acomodar a provocação). E é assim que, quinze dias depois, aqui estou, perante o director do jornal e perante os seus leitores (se o director em questão deixar passar), com esta minha primeira «crónica de maldizer».
Cuidem-se os cultores da desgraça, cuidem-se os acomodados, tomem cuidado os adeptos de normalidades institucionalizadas, políticas e culturais, pois o meu projecto é desetabilizar, quer dizer, reafirmar que a «utopia» está viva. Mortos seremos nós quando desistirmos de construir alguma coisa, lutar por algo.
«Make love, not war»!
Abaixo os descobridores do «fim da história»!”
J. C.
Tudo terminaria aí não fora o jornalista em referência, já quando virava as costas para se afastar, me ter respondido que o seu projecto não era mudar o mundo. Receio bem que não tenham sido essas as palavras que usou, mas também isso não é o essencial. O essencial seria, na leitura que faz, cultivar um projecto de liberdade informativa, de abertura à sociedade na sua pluralidade, grandezas e misérias.
Cultor da liberdade que sou, a ponto de ser incapaz de aceitar amarras clubísticas por mais ténues que sejam, esta resposta desestabilizou-me. Provocador sim, mas não tanto!
Ora, eu que me mobilizo especialmente pelo que me desafia, pelo que é novo, não vi forma de aplacar a minha consciência que não fosses desestabilizar o provocador (pelo menos, tentar; haverá mérito naquele se souber acomodar a provocação). E é assim que, quinze dias depois, aqui estou, perante o director do jornal e perante os seus leitores (se o director em questão deixar passar), com esta minha primeira «crónica de maldizer».
Cuidem-se os cultores da desgraça, cuidem-se os acomodados, tomem cuidado os adeptos de normalidades institucionalizadas, políticas e culturais, pois o meu projecto é desetabilizar, quer dizer, reafirmar que a «utopia» está viva. Mortos seremos nós quando desistirmos de construir alguma coisa, lutar por algo.
«Make love, not war»!
Abaixo os descobridores do «fim da história»!”
J. C.
(reprodução integral de crónica do autor identificado publicada no jornal Notícias do Minho de 94/10/15, em coluna regular genericamente intitulada “Crónicas de Maldizer”)
1 comentário:
Caro Sr. J.C.
Com algumas crónicas que nos vai deixando ler, algumas já com cerca de 13 anos, só posso pedir-lhe que continue a lutar e a construir, ainda que o tempo o tenha ensinado a não acreditar.
Uma leitora atenta das Crónicas de Maldizer
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