“Quando encarava já seriamente a eventualidade de arrumar as botas ou, melhor dizendo, a esferográfica, tive a grata notícia de que tinha um leitor. E, mais: um leitor atento que podia identificar pelo nome.
No meu modo de ver, são estas pequenas coisas que dão sentido à nossa vida, e daí que não tenha hesitado nem um momento relativamente à necessidade de fazer público o meu júbilo e, sobretudo, a minha gratidão.
É certo que o meu caro leitor insinua discordância face a opiniões que exprimi em crónica dedicada ao urbanismo, trânsito e ambiente em Braga. Mas isso são coisas pequenas comparadas com a grandeza da cidade e, especialmente, com a simpatia que me inspira o meu caro leitor.
Fico, é verdade, intrigado com a interpretação que fez da minha afirmação da identificação inata do eleitor e do eleito: quererá o meu leitor afirmar a tese que se trata de gente distinta? Assim uma espécie de classe operária, por um lado, e exploradores capitalistas, por outro, ou o problema radica mais fundo e o meu amigo terá mesmo sido ludibriado pela alternativa ilusória adiantada pelo PSD local?
Se é este último o caso, não me resta senão solidarizar-me com a vítima. Mas, deixe lá, outros mais conhecedores dos bastidores políticos bracarenses também não perceberam que o PSD não mantinha real interesse na disputa. Era apenas uma questão de cumprir a obrigação. Alguns amigos meus, menos piedosos, diriam, a propósito, que o partido governamental se havia disposto a mais um ritual de sacrifício de um cordeiro.
Talvez diferentemente da opinião do caro leitor, é realmente isso que me indigna e me perturba: essa declarada abstenção de apresentar alternativas, de ver mais longe, de ultrapassar a discussão mesquinha e discutir a cidade nas suas diversas facetas, urbanismo, ordenamento do tráfego, ambiente, equipamentos urbanos. É que eu acredito que há gente capaz em Braga, mesmo quando PS, PSD, PP e Arco-íris nos querem provar o contrário. É que eu acredito, caro concidadão, que não estamos condenados a tomar posição entre o Mesquita e o Macedo ou entre o Fernando Alberto e o António Braga.
Claramente, entendo eu, é preciso ousar! Urge que ousemos ir além da mediocridade instalada. Temos homem (homens) para isso? Gostaria de acreditar que sim.”
J.C.
No meu modo de ver, são estas pequenas coisas que dão sentido à nossa vida, e daí que não tenha hesitado nem um momento relativamente à necessidade de fazer público o meu júbilo e, sobretudo, a minha gratidão.
É certo que o meu caro leitor insinua discordância face a opiniões que exprimi em crónica dedicada ao urbanismo, trânsito e ambiente em Braga. Mas isso são coisas pequenas comparadas com a grandeza da cidade e, especialmente, com a simpatia que me inspira o meu caro leitor.
Fico, é verdade, intrigado com a interpretação que fez da minha afirmação da identificação inata do eleitor e do eleito: quererá o meu leitor afirmar a tese que se trata de gente distinta? Assim uma espécie de classe operária, por um lado, e exploradores capitalistas, por outro, ou o problema radica mais fundo e o meu amigo terá mesmo sido ludibriado pela alternativa ilusória adiantada pelo PSD local?
Se é este último o caso, não me resta senão solidarizar-me com a vítima. Mas, deixe lá, outros mais conhecedores dos bastidores políticos bracarenses também não perceberam que o PSD não mantinha real interesse na disputa. Era apenas uma questão de cumprir a obrigação. Alguns amigos meus, menos piedosos, diriam, a propósito, que o partido governamental se havia disposto a mais um ritual de sacrifício de um cordeiro.
Talvez diferentemente da opinião do caro leitor, é realmente isso que me indigna e me perturba: essa declarada abstenção de apresentar alternativas, de ver mais longe, de ultrapassar a discussão mesquinha e discutir a cidade nas suas diversas facetas, urbanismo, ordenamento do tráfego, ambiente, equipamentos urbanos. É que eu acredito que há gente capaz em Braga, mesmo quando PS, PSD, PP e Arco-íris nos querem provar o contrário. É que eu acredito, caro concidadão, que não estamos condenados a tomar posição entre o Mesquita e o Macedo ou entre o Fernando Alberto e o António Braga.
Claramente, entendo eu, é preciso ousar! Urge que ousemos ir além da mediocridade instalada. Temos homem (homens) para isso? Gostaria de acreditar que sim.”
J.C.
(reprodução integral de crónica do autor identificado publicada no jornal Notícias do Minho de 95/06/03, em coluna regular genericamente intitulada “Crónicas de Maldizer”)
1 comentário:
Caro J.C.
Sempre que leio as sua Crónicas, vou ver com atenção a data de redacção das mesmas e, para meu espanto, remetem-nos sempre para tempos passados há mais de uma década atrás. Como não conheço o rol das Crónicas originais, fico sem saber se deva concluir que quase nada mudou nesta última década ou se deva concluir que tem vindo a fazer uma escolha muito criteriosa dos textos que tem vindo a editar...
Ainda há pouco cheguei à cidade de Braga e também eu sinto que ninguém ousa (sabe) ir além da mediocridade instalada, como bem diz. Que dizer, por exemplo, da Ciclovia que atravessa 5 rotundas e apresenta desníveis gritantes para quem possui uma qualquer deficiência motora? Que não está inserida num qualquer sistema intermodal, ou seja, que "não leva ninguém a lado nenhum"? E que dizer das construções em Nogueiró, a preços tão pouco convidativos, que se têm construído junto de cabos de alta tensão?
Só o PP e outros menores desapareceram de cena. Continue a ousar, mas não acredite na ousadia dos outros...
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