terça-feira, abril 15, 2008

Minha Querida Helena

Se há dias em que não devemos sair de casa, este foi para mim um deles. Só que tudo começou por correr mal em casa, do “periférico” do computador que avaria e que não parece ser possível adquirir em lado algum ao correio electrónico que se revela difícil de visualizar. Para terminar em desgraça completa, até o presente acabado de adquirir veio com defeito. Como saldo do dia, ficou cansaço e irritação e uma mão cheia de nada, se se considerar o trabalho que estava por fazer e o que efectivamente foi feito.
Em consonância com o demais, pelo telefone soube que te sentias doente, o que não se tratando de novidade, infelizmente, também em nada ajudou ao meu dia. Vou ficar a aguardar com ansiedade o dia em que me digas exactamente o oposto, isto é, que te sentes em boa forma e nada te apetece mais que sair à rua e deixar passar para quantos se cruzem contigo a alegria que se te estampa nos olhos e se percebe na leveza dos teus gestos.
Dentro do expectável, a deslocação a Lisboa até nem correu mal: uma noite calma no hotel, quer dizer, razoavelmente dormida; uma reunião com alguns pontos de interesse, sublinhada por duas intervenções na discussão dos dossiês em agenda que não deslustraram; uma viagem de combóio serena e no horário, na ida e no regresso; a comodidade dos novos comboios que circulam na linha renovada Braga-Lisboa (mais renovada em Braga que em Lisboa). Para ser melhor, bem melhor, teria que se ter concretizado a tua “promessa” de me acompanhares. Mas a “promessa”, desgraçadamente, não passou disso, de promessa. Fica para a próxima, não é minha querida?
Pela minha parte, não me esquecerei de te dirigir novamente o convite na vizinha oportunidade, e na oportunidade vizinha da vizinha e nas ocasiões seguintes, até que te canses de recusar os meus convites e decidas aceitar um.

Braga, 16 de Outubro de 2004

José Cadima

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