quarta-feira, janeiro 02, 2008

Minha Querida Helena

É 1 de Janeiro de 2008. Sentado em frente ao computador, de pernas embrulhadas num pequeno cobertor, tento não enregelar de corpo e alma. Penso em ti. Penso em ti e na falta que me fizeste na noite passada e, antes dela, em todas as noites em que me faltaste. Se não sou capaz de viver contigo, mais penoso me é viver sem ti.
Não fazendo sentido alimentar esperança distinta da que me trouxe até aqui, por força do simbolismo gerado em torno da data, interrogo-me sobre a possibilidade deste ano novo nos trazer a diferença, isto é, me devolver a esperança. Interrogação tão insensata quanto insensata é a ideia de que é o curso das estações que nos renova ou empalidece a vida e não o ânimo que pomos nos nossos gestos e quereres, num trilho que todos os dias nos aproxima da morte. Interrogação tão insensata quanto insensata é a nossa busca de reencontro. Como se fosse possível que o nosso destino nos traga algo diferente da realidade desta inviabilidade paradoxal de não poder viver contigo e não ser capaz de viver sem ti.
É 1 de Janeiro de 2008 e a tua imagem não me abandona a mente. Talvez seja por o cobertor que me embrulha as pernas ter sido oferta tua, em data que creio já longínqua. Talvez seja por força do simbolismo da data, que se usa dizer ser de renovação de esperança, ou porque a tua lembrança me aquece a alma, trazendo-me à memória o conforto que me dá apertar-te nos meus braços em dias gélidos como o de hoje, e nos outros todos. Porque me falta hoje o teu calor? Porque foste para tão longe que os meus braços não te alcançam mais, agora que só o calor da tua presença poderia sossegar-me o pensamento e dar alento à ficção deste ser um ano novo.
Minha querida Helena, Helena do meu sonho: diz-me que este é um ano novo; promete-me que o frio que me tolhe será passageiro porque passageira é a tua ausência e tu logo virás enlear o teu corpo no meu; diz-me que o meu sono sobressaltado da última noite não tornará porque a segurança da tua presença afastará os fantasmas que me assaltam a mente à noite; diz-me que posso sonhar. Mente-me, minha querida!

Braga, 1 de Janeiro de 2008

José Cadima

2 comentários:

Anónimo disse...

Não sei quem é tua doce Helena;mas não posso ver ninguém triste.A vida é tão veloz que não é justo que alguém sinta assim tanto frio na alma....abre o teu coração e deixa entrar o Sol,dá-lhe permissão para te envolver num doce abraço bem quentinho.Nunca estarás sozinho..enquanto deixares o Sol brilhar no teu coração ,até tua doce Helena sorrirá descansada sabendo-te confortável e alegre,não a desiludas.....sou alguém que se cruzou no teu blogue por acaso,me chamo Rosa ,sou profªtenho 54 anos.Desculpa a ousadia.Rosa Maria

J. Cadima Ribeiro disse...

Cara Rosa Maria,
Obrigado pela sua visita e pelas suas palavras de conforto.
Apareça sempre que o desejar.
Cordiais cumprimentos,