Ser solto no escuro, sem lugar para onde ir.
Ter medo de olhar para trás
e saber que também à frente não verá aquilo
que receia não poder alcançar.
Respirar devagar,
escondido no negro de um perigo inexistente.
Ter medo de um nada
que nos arrepia a espinha.
Olhar para um lado e para o outro.
Ter medo de descolar do objecto
com que nos procuramos confundir.
Sentir que ficando quieto ninguém nos apanha,
porque talvez o perigo passe ao lado.
Depois, para fugir,
é preciso ainda mais coragem,
mesmo que seja preciso dar só um passo.
É que o medo do escuro pode correr mais do que nós.
José Pedro Cadima
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