É nestas noites que parecem não ter termo que mais me pergunto
se vale a pena este esforço, este percurso que me coloca a cada passo novos, velhos
obstáculos.
É nestas noites de vigília que mais me parece não correspondida
a entrega que assumi, pese as palavras, frequentes, em sentido
contrário, pese os gestos de certos momentos, quando deixamos que fique algum
espaço para nós.
O mais é deriva, é rumo sem rumo, é, demasiadas vezes,
desencontro. Na labuta quotidiana, o caminho do encontro fica esquecido, tido como não prioritário.
Antes estão as rotinas, as solicitações banais (que,
naturalmente, têm que ter resposta), a esquizofrenia.
Antes está,
sobretudo, a paranóia, a esquizofrenia, alimentada, às vezes, inconscientemente estimulada, nunca consistentemente combatida.
Em tais circunstâncias, como pode haver tempo para nós, como
podem as noites perder esta extensão infindável?
Na nossa ingenuidade, que parece ser atributo natural, vamos
querendo acreditar que temos caminho pela frente, que é desta que atingimos
juntos o lugar convencionado para ser ponto-de-encontro. Mas será que ainda
acreditamos nisso? Estas noites infindáveis não são indicador bastante de
fracasso? Que outro sentido dar-lhes?
Reclamas que te dê expressão verbal do amor que nos liga. E,
então, isso é a resposta para tudo, isto é, o amor é resposta, compensação
suficiente para tudo?
Ensaio retomar o sono. Anseio muito retomar esse estado de
ausência, tanto quanto anseio que as noites me corram céleres.
Correr ao teu encontro ainda será possível? O sono, para já,
talvez seja alcançável. Para o mais, fico sem resposta.
K
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