domingo, março 30, 2014

Noites sem termo

É nestas noites que parecem não ter termo que mais me pergunto se vale a pena este esforço, este percurso que me coloca a cada passo novos, velhos obstáculos.
É nestas noites de vigília que mais me parece não correspondida a entrega que assumi, pese as palavras, frequentes, em sentido contrário, pese os gestos de certos momentos, quando deixamos que fique algum espaço para nós.
O mais é deriva, é rumo sem rumo, é, demasiadas vezes, desencontro. Na labuta quotidiana, o caminho do encontro fica esquecido, tido como não prioritário.
Antes estão as rotinas, as solicitações banais (que, naturalmente, têm que ter resposta), a esquizofrenia.
Antes  está, sobretudo, a paranóia, a esquizofrenia, alimentada, às vezes, inconscientemente estimulada, nunca consistentemente combatida.
Em tais circunstâncias, como pode haver tempo para nós, como podem as noites perder esta extensão infindável?
Na nossa ingenuidade, que parece ser atributo natural, vamos querendo acreditar que temos caminho pela frente, que é desta que atingimos juntos o lugar convencionado para ser ponto-de-encontro. Mas será que ainda acreditamos nisso? Estas noites infindáveis não são indicador bastante de fracasso? Que outro sentido dar-lhes?
Reclamas que te dê expressão verbal do amor que nos liga. E, então, isso é a resposta para tudo, isto é, o amor é resposta, compensação suficiente para tudo?
Ensaio retomar o sono. Anseio muito retomar esse estado de ausência, tanto quanto anseio que as noites me corram céleres.
Correr ao teu encontro ainda será possível? O sono, para já, talvez seja alcançável. Para o mais, fico sem resposta.

K

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