domingo, junho 26, 2011

Quanto por escrever

Ando há tantos dias para escrever
sem que me saia palavra certa
que receio aqui deixar este poema
sem que alguma coisa tenha dito.
São vozes que me gritam
coisas sem sentido,
fontes de vaidade,
direcção para a qual oscilo.
Sinto-me em excesso de liberdade,
sem juízo para escolha,
deixando poder aos outros
para aquilo que se chama futuro.
E já a ansiedade pede por calma,
que a paz é também desejo.
Não me perco nessa luxúria,
todo eu sou electricidade.
Iluminam-se as ruas escuras
por onde passo. Rebentam-se as lâmpadas.
Não vejo fim no horizonte,
só os estilhaços que caem.
Nas casas, apenas existem velas,
não fosse bruta a conta a pagar
de criar uma ligação
tão desperta e instável.
José Pedro Cadima

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