quinta-feira, setembro 02, 2010

Ele há coisas do arco-da-velha

Os leitores habituais terão sentido a minha ausência de vários meses das “páginas” deste jornal de parede. Não foi por vontade, já que sei bem a saudade que tal deixa nos meus leitores e, especialmente, nas muitas fãs que felizmente tenho, nem por falta de insistência dos seus editores no sentido de que eu vertesse aqui mais amiúde o que me vai na alma, que, lembro, são meus amigos de longa data. Faltou-me tempo e faltou-me, sobretudo, tema de análise, posta a acalmia, quase clima de romance, que se vive na sociedade portuguesa de há um par de anos a esta parte. É como se aquilo que alguns usam designar de “silly season”, referindo-se a certo período de cada ano (Julho/Agosto), se tivesse estendido por este período todo.
Conto, uma vez mais, com a benevolência dos meus caros leitores e queridas leitoras, à semelhança do que fazem os portugueses sempre que, em período eleitoral, acabam a referendar todo o rol de asneiras feito pelo governo em funções e pelos outros, tal e qual, que os antecederam.
Pois, dizia eu, a persistir este ambiente de romance que se vive na sociedade portuguesa, continuaria sem motivo de análise social. Não deixando de ser assim, por puro acidente, entrou-me hoje pelos olhos dentro um título que se encontrava na primeira página de um jornal de Braga e que, grosso modo (não memorizei rigorosamente as palavras empregues no jornal), dizia assim: “Sócrates inaugura Hotel Meliã”.
E o que é que isto tem de relevante a ponto de fazer o cronista saltar para esta trincheira? Perguntarão os meus caros leitores e as minhas queridas leitoras. Pois, o que tem de singular é o facto do referido hotel ter entrando em funcionamento há bem mais de um mês, conforme é bem notório perscrutando-o a partir da avenida que lhe é fronteira.
Incontestável que o hotel se encontre em plena operação há várias semanas, ocorre perguntar como é possível que tal aconteça sem que tenha sido previamente e solenemente inaugurado? Será que possível que tenhamos todos, os portugueses digo, ficado doidos? Ou isso aconteceu porque o hotel é parte de uma cadeia hoteleira espanhola e, portanto, estranha aos nossos bons costumes? E, a ser assim, ocorre-me adicionalmente questionar: e que costumes tem eles, os espanhóis? Não são gente civilizada e dada à bonomia, também?
Dito isto, perceberão os leitores e leitoras deste jornal de parede que eu não pudesse deixar de lavrar umas linhas dando expressão do meu desconforto e indignação. Bem diz o nosso povo, que ele há coisas do arco-da-velha. Pelo menos, que não fiquem sem registo, digo eu.

J. C.

2 comentários:

Anónimo disse...

SÓCRATES INAUGURA TUDO

Anónimo disse...

Olá J.C.

Só hoje vi a sua crónica. Sou uma das suas "queridas leitoras". Não me tem escapado uma crónica!
A verdade é que os políticos já não têm vergonha na cara... ou, então, o Sócrates não quis dar azar antes da sua inauguração! E como houve há uns meses atrás um incêndio! Não fosse a porca torçer o rabo!...