sexta-feira, dezembro 23, 2011

Angústia, ansiedade, insónia


Há ocasiões em que sou levado a sentir-me o mais infeliz dos seres, mesmo sabendo que mundo fora, neste país, nesta cidade há pessoas que não têm asseguradas condições  básicas de sobrevivência: pão, paz, habitação.
Angústia, ansiedade, insónia, são três das dimensões que corporizam o desconforto que me atinge, isto é, que me agride.
Interrogo-me. Interrogo-me outra vez e não alcanço resposta. Porque será que tenho que cruzar todas as etapas deste calvário se nem sequer alimento a esperança de alcançar a redenção final, dos justos, como alguém diria?
Um existir sofrido; poucas vezes sereno. Vale a pena uma existência assim? E porquê se não regateio entrega, sacrifício até, algumas vezes.  
Estado de alma ou alma sem estado, sem estância segura, sem lugar onde viver em paz? Será tempo de abandonar esta luta ou, antes, de abraçá-la com mais força, na esperança derradeira de atingir o oásis, um qualquer oásis, assumindo que os haja? E se não houver?
Há ocasiões em que sinto, acredito que a quietude, o repouso de espírito, a paz exterior e interior são possíveis. Há ocasiões em que sinto que há-de haver razão para esta travessia que faço, quer dizer, que julgo que o caminho que percorro tem razão de ser, que o meu esforço, a minha entrega valem a pena, que a paz que tão ansiosamente procuro não é apenas uma miragem, como têm sido os oásis que, ocasionalmente, tenho perscrutado no horizonte.
Pobre da minha mente, pobre de mim que já não vislumbro a diferença entre realidade e sonho, por ser pesadelo continuado o quotidiano. Destino? Sorte? Mas porque hei-de sofrer de tamanha mal sorte?
Há ocasiões em que me interrogo e não encontro resposta alguma, sendo certo que não é a ausência de respostas que me desespera mas, antes, esta intranquilidade que me agride, esta sensação de caminho conducente a nenhures que percorro, esta condenação ao purgatório que me terá sido destinada.
Um existir sofrido; raras vezes sereno.

K

Sem comentários: