Minha Querida Helena,
Ontem não te telefonei. Resta-me esperar o pior quando te falar hoje. Não me direi preparado para o que me dirás, ou talvez não digas, embora devesse estar. Fiquei-me pela condição de explicador/tutor e ousei quebrar uma rotina que uns dias me faz bem e outros muito mal.
Anseio, entretanto, reencontrar-te. Reencontrar mesmo, digo, minha querida: reencontrar-te nos meus braços; apertar-te contra o meu peito. Anseio o calor dos teus beijos e o aconchego do teu corpo.
Neste intermeso, entretenho-me com as conferências que modero (hoje, na ACB) ou em que sou palestrante (amanhã, em Galegos, iniciativa da ACIB). Em relação a esta última, mantenho a expectativa sobre que assistência vou encontrar e, nesta hora, assiste-me ainda a incerteza sobre o que direi. Não é que me falte assunto. Pelo contrário, é a vastidão das opções que me tolhe; isso e a conveniência ou inconveniência de ser politicamente correcto, sabido o desconforto com que lido com a incompetência, técnica e política, e a acomodação e falta de arrojo.
Agora que reparo nas horas, incomoda-me igualmente o pouco tempo que tenho para fechar esta carta. Fechá-la, quer dizer, interromper o romance que são estes momentos de abandono, de confidência em que só tu e eu contamos, juntinhos como não é possível estar mais. Se bem que a quebra seja sempre penosa, anima-me a certeza de poder a qualquer momento retomá-lo.
Até lá, meu amor!
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