quarta-feira, março 30, 2011

Marés

“Eras a onda que me embalava.
Eras o meu tormento”.
É expressão corrente que há mais marés que marinheiros.
"Estranguladora e libertadora",
eras a maré que não me deixava marinhar,
a onda que ameaçava submergir-me.
Para ser marinheiro,
ficava-me a opção de cortar amarras
e zarpar.
Eras o meu ponto de encontro
e o meu martírio.
Eras…

José Cadima

terça-feira, março 29, 2011

sábado, março 26, 2011

Maré (II)

Eras a onda que me embalava.
Eras a maré com que me debatia.
Eras o meu tormento
e o derradeiro prémio.
Estranguladora e libertadora,
eras a morte da minha criatividade,
a minha paz eterna.

José Pedro Cadima

quinta-feira, março 24, 2011

É agora que começo a minha campanha eleitoral!

É agora que começo a minha campanha eleitoral!
Slogan: VOTA JC!
O último tipo com estas iniciais (que se dedicou à política) fazia milagres!
.
José (Pedro) Cadima

quarta-feira, março 23, 2011

Velhos são os trapos

Velhos são os trapos
Os teus e os meus
À velhice vou resistir
Ao teu lado sem cair
Quando o nosso amor selámos
Na árvore majestosa
O Lima observava-nos
Acolheu o nosso amor
Selando-o para sempre
Com o sangue dos teus dedos
Longe dos nossos trapos…

C. P.

segunda-feira, março 21, 2011

As tuas mentiras (tão bonitas)

O pior de tudo é saber
que não haveria como sermos um.
Tu és fogo e eu sou lenha.
Daqui só iria sair cinza...

Tanta culpa em mim
de me perder por nada,
em vez de só me perder por um mimo.

Descansa-me saber
que não posso arruinar aquilo de que gosto em ti.
E tu sorris a toda a hora,
preocupando-te sem te perderes.

E descansa-me saber que somos amigos,
que te posso contar sempre a verdade,
sem ter que me confrontar com as tuas mentiras parvas,
que eram tão bonitas...

José Pedro Cadima

sexta-feira, março 18, 2011

Sobressalto

Há momentos em que me ocorre pensar
que tenho tudo o que quero,
pois só te quero a ti.
Há ocasiões em que me parece seguro o teu amor,
a tua paixão.
Certa é a tua beleza, que me fascina e me embala.
Neste torpor, resulta sobressaltado o meu coração,
que, ao invés, queria aquietado.

José Pedro Cadima

domingo, março 13, 2011

Ontem

Dá-me vontade de não respirar,
mas a verdade é que os meus pulmões se enchem em pleno.

Ainda olho para trás,
mas não posso voltar.
Seria razão para tonturas,
algo que seria expressão de um fracasso.

O que ficou, ficou.
Quando não se gosta de alguém,
é mais fácil sentir uma paixão alheia.

José Pedro Cadima

Conceito (errado)

Evito olhar-te de frente para que não penses que te tenho em conta no que faço. É um esforço irónico este de não olhar em frente quando lá estás. Deixar clara a minha intenção é, no entanto, ainda mais importante. Digo-te tudo sem lhe dar entoação para além do que é óbvio e sem sublinhar o que possa realmente ser importante.

Maravilha-me que confundas o meu fascínio com puro gosto, e que me digas que vamos ser bons amigos. Mas enganas-te quando me dizes que sou infantil. Eu sou simplesmente louco. Não sou espontâneo. Sou impulsivo. Não sou curioso. Sou indiscreto.

Dizes que sou um caos, mas encontro padrões no que faço. Tomo decisões baseadas nas fases da lua. Não compreenderás que te diga o que estou a fazer porque falar contigo depende do lado que me sai no dado.

Não te posso olhar de frente. Em razão disso, irei adoptar aquele tipo de olhar de quem está em cobrança. Irei levar-te a mentir-me mais. E cada mentira fica mais feia...

Podes aproximar-te o quão mais quiseres que nada me irá abalar para além da minha própria vontade de ser abalado. Vais passar por mim e aproximar os teus lábios da minha boca, para me enganar, para me ver fechar os olhos. Eu vou respirar a medo, e encher o peito de ar pela medida do que me falta em coragem.

Sinto vontade de te agarrar pela anca e de te puxar contra mim. Sinto quanto condicionas/dominas os meus sonhos. Não obstante isso, sonho derreter os teus desejos na própria medida da minha insanidade.
.
José Pedro Cadima

sábado, março 12, 2011

Afogo-me (II)

Questiono-me,
afogo-me em pensamentos
sobre o que é e o que não é,
e não encontro resposta.

Neste mar de pensamentos encapelados,
de tanto me interrogar,
acabo por perder as perguntas
no monte das respostas falhadas.

José Pedro Cadima

quarta-feira, março 09, 2011

Escrever-te

O teu olhar queima-me a sobriedade.
De tão enfeitiçado que me deixa,
já não sei o que é a razão.

Ver-te cria-me um nervoso miudinho
que me faz perder a fome,
enchendo-me de borboletas.

Neste equilíbrio precário, a consciência
diz-me que comer é superfluo,
que o orgulho é excessivo,
que escrever-te é uníco.

José Pedro Cadima

Mensagens curtas, endereçadas

"Para mim é tudo tão novo!
Sinto uma sensação de eternidade e de vontade de lutar."

C. P.

segunda-feira, março 07, 2011

Curvas e cor





Curvas e cor num cenário que vem sendo, muitas vezes (e crescentemente), de pesadelo.

J. Cadima Ribeiro

Obervação: mandam-se cortar as árvores para que os arbustos possam medrar.

[Foto de autor desconhecido]

sábado, março 05, 2011

Vida & Sanidade

Manda-me a vida embora
para uma cidade assombrada.
Quero ver como ela se safa sem mim,
e eu também sem os seus sermões
pregados de consciência aborrecida.

Leva-me para casa.
Encosta-me à parede.
Destrói-me o juízo com o olhar.
Diz-me as aldrabices que eu te diria a ti
se não te désse o poder da existência.

Vou fingir que nunca mentes.
Vou fingir-me apaixonado.
Quero a tua loucura viva,
para que me mande embora, à vida.

Quero sentir fantasmas.
Quero sentir o espírito, não o corpo.
Intimida-me a sanidade,
já que contigo não há vergonha que valha.

José Pedro Cadima

Foz do Rio Cávado: pôr-do-sol







quarta-feira, março 02, 2011

Esta terra

Não escolheria esta terra
para poiso quotidiano.
Não escolheria esta terra,
não porque não me impressionem
a sua luminosidade, que, de tanta, me fere os olhos,
o espaço aberto, que me permite o fluir do pensamento,
o exotismo da sua arquitectura,
que nos transporta para eras remotas.
Não escolheria esta terra
que, paradoxalmente, nestas visitas fortuitas,
me faz sentir bem.
Não escolheria esta terra
sobretudo porque, aqui, sinto-me longe,
para além do que a minha imensa necessidade de amor
me consente.
Longe, porque este espaço aberto,
deixando-me fluir o pensamento,
rapidamente me transporta para memórias
que me fazem sentir mais só.
Não escolheria esta terra
porque não sou capaz de reconhecer-te
nestas ruas estreitas,
neste cenário encadeante,
nesta ausência de sombra,
especialmente hoje.

José Cadima

terça-feira, março 01, 2011

Na vida: sonhos (II)

Atirando para trás
as insígnias conseguidas,
constata-se que há muitos sonhos
que são muito mais pequenos que a vida.

Reflexos em espelhos sem cantos
permitem a fuga da ilusão.
Tarefa árdua é procurar
agulha em palheiro:
vemo-nos gregos,
Portugueses
dos dias infelizes que correm.

José Pedro Cadima