segunda-feira, junho 29, 2009

Quem não tem tema sobre que falar só tem que dar-se ao incómodo de inventá-lo

Estou de volta às viagens e ao respectivo encanto. Andei um tempo arredado destas lides. É bom estar de volta. É bom porque me faziam falta a horas de espera nos aeroportos, a comida improvisada para viajantes esfomeados, o “glamour” da partida e da chegada e as madrugadas. Faltavam-me sobretudo as madrugadas para que voltasse a ter oportunidade de passar horas atrás de horas nos aeroportos aguardando o voo de ligação ao destino ou à origem, que também é um destino.
Retorno ao encanto das viagens, embora neste entretanto em que estive fora houvesse algo que se tivesse perdido, irreparavelmente, por troca pelo muito que se ganhou. Perdeu-se, particularmente, a pacatez do controlo de passageiros. Perdeu-se isso para se ganhar a emoção que é embarcar no mundo maravilhoso do “strip tease”: primeiro tira-se o casaco, depois o cinto e logo após os sapatos. Imagino já a próxima etapa…
Sorte, sorte têm certas meninas amantes do “piercing”: o apalpanço não fica só pelos preliminares. Passou também a ser bom trabalhar nos serviços de segurança em causa.
Se há coisas que evoluíram, e muito, há outras que permanecem tal e qual: é espectáculo garantido ir olhando as garotas que passam, nos seus preceitos: se umas se equilibram nos seus sapatos altos, outras há que valorizam mostrar as costas desnudas ou os namorados, os rabos ou as roupas e acessórios com que se decoram. Também as há, coitadas, que não têm que mostrar, não lhes valendo sequer os vestidos. Dos homens não falo. Não lhes acho graça, ponto final!
Nesta ocasião em que estou só a 2 horas da chamada para o embarque (reparem na ironia da palavra: “embarque”), fica-me pouco tempo para discorrer sobre o que me trouxe a este lugar. É pena porque teria muito que dizer sobre o destino, quer dizer, o motivo que me levou a fazer este empreendimento. Poderia, nomeadamente, falar sobre a beleza das noites que se tornam rapidamente dias quando faltam as persianas ou os reposteiros escuros nas janelas dos quartos onde é suposto dormirmos. Poderia escrever sobre televisões que se tornam exclusivamente canais promocionais de alguns produtos e serviços a partir de certas horas. Enfim, poderia falar de avenidas que repetem, triplicam, quadruplicam millenios e alinham cartazes de publicidade a empresas multinacionais às centenas. Só pode ser uma avenida grande, de facto. Seria maior, talvez até uma grande avenida, se acolhesse menos cartazes e, porventura, menos millenios, que já foram jardins, também.
Se tivesse tempo, digo, poderia falar de tudo isso e muito mais. Como o tempo me escapa (já só me resta uma hora e cinquenta e cinco minutos de espera), vou ter que deixar esses temas para melhor oportunidade. A vantagem que daí me advém é que assim não me escassearão os temas de análise como me escaparam hoje, como resulta evidente agora que penso nas banalidades que aqui deixei registadas.
Quem não tem sobre que falar só tem que dar-se ao incómodo do inventar!

J. C.

domingo, junho 28, 2009

Como é que alguém que tinha tudo acabou por se deixar morrer e ficar sozinho?

O Rei do Pop desapareceu...
Fiquei com muita pena, mesmo muita pena. Pergunto-me como é que alguém que tinha tudo acabou por se deixar morrer e ficar sozinho, tão sozinho nos últimos anos que o acabou por revelar numa entrevista recentemente.
Uns (sobretudo homens) acabam por pagar caro o facto de terem relações conflituosas com as mães, das quais nunca recuperam. Outros não chegam a viver a sua infância e adolescência (este aspecto foi frisado também recentemente por ele numa entrevista).
É impressionante o que um homem muito frágil, tímido conseguia fazer junto de multidões. Mas a vida não é só feita de música e ele por ventura não soube ir além da música!

Uma admiradora que dançou muitos anos ao som da música de Michael Jackson

quinta-feira, junho 25, 2009

A minha explosão

Estoiro só mais uma vez.
Já estava farto de ter tanta coisa dentro de mim.
Destruo tudo à minha passagem,
como uma ogiva nuclear.
Caio em mim e expludo.
Uma nuvem de poeira faço
e tudo em minha volta desfaço.

José Pedro Cadima

(poema extraído do livro "Sonhos a Um Espelho", Papiro Editora, 2009, Lisboa, p. 25)

terça-feira, junho 23, 2009

Gostei de te ver

"Pese a agitação que vieste encontrar, gostei de te ver ontem. Lamento não ter podido dar-te a atenção que merecias. O teu gesto foi bonito."

José Cadima

domingo, junho 21, 2009

Só me fazem falta ...

"Só me fazem falta as pessoas que me estimam e me aceitam como sou."

José Cadima

Diz-me que choro melhor

Diz-me que escrevo bem.
Diz-me que sou o melhor.
Chama a Camões e Torga amadores.
Faz isso por mim.
Faz de mim o teu herói.

Diz-me que choro bem.
Diz-me que sou o melhor.
Sempre que alguém chora,
chama-lhe amador.

Diz-me que choro,
que escrevo,
que abraço,
que amo,
que me lamento
melhor que toda a gente.
Diz-me que sou alguém!

José Pedro Cadima

(poema extraído do livro "Sonhos a Um Espelho", Papiro Editora, 2009, Lisboa, p. 45)

quinta-feira, junho 18, 2009

Minha Querida Helena

Alguém escreveu que “os amantes infelizes precisam de ter coragem para mudar de caminho”. É bem esse o nosso caso. Óbvio que é que o amor, mesmo que fundado em elementos que transcendem a racionalidade comum, não assegura felicidade, a necessidade vital que temos ambos de experienciar alguns assomos de felicidade nos obriga a procurar outros caminhos. Digo-o com profunda emoção, mas com a mesma profundidade de convicção.
Anos atrás de anos de luta, de procura, de desencontro conduziram-me a esta conclusão. Quero eu dizer, pior que romper com este mar de lágrimas em que se transformou o nosso encontro é insistir nele. Porque te amo muito, porque sinto a tua dor, a tua angústia, as tuas lágrimas, para além das minhas, como se fossem minhas, quero dar-te a oportunidade de voltares a ser feliz. Se o virás a ser ou não, se conseguirei sê-lo sem ti, não te sei dizê-lo. Comigo, a tua tranquilidade, o teu gosto pelas coisas e, sobretudo, pela vida esvaiu-se, sem remédio.
Pouco importa a razão. Talvez tenha sido por nos questionarmos demais, por não termos deixado que os nossos sentimentos fluíssem livremente que chegámos a este ponto sem retorno. Não soubemos tirar partido da naturalidade com que as peles dos nossos corpos conviviam e isso basta para que tenhamos que concluir como o faço nesta hora.
Chego a esta convicção tardiamente. Peço-te perdão por isso. A atracção que nos impelia um para o outro, a crença (a esperança) que voltássemos a ser capazes de comunicar por palavras, a falta de coragem que consinto agora ter existido ditou o prolongar desta nossa ligação afectiva sofrida. Arrependo-me profundamente disso, o que não significa dizer que me arrependa do amor que te dediquei, e dedico, ainda.
Foi bonito o nosso amor. Foi muito bom o nosso reencontro tanto tempo depois de, noutra vida, nos termos cruzado brevemente. Fiquemos com essa memória, relevemos esses momentos sobre as contrariedades que emergiram depois, que não soubemos ou não pudemos gerir, e esta despedida ganha um sentido diferente, e esta penosa resolução de separamos mãos suar-nos-á bem mais leve, bem mais aceitável.
Não nos livramos das lágrimas mas, nota, as lágrimas não nos acompanham só nos momentos tristes. Também estão tantas vezes presentes nos melhores momentos. Em razão dessa ambiguidade, olhemo-las como sinal de futuro. No arco-íris que percebo na lágrima que me corre pela face, creio ver-te sorrir de novo, vejo-te esvoaçar ao longe, junto das margens do mesmo rio onde tantas vezes nos refugiámos em busca de nós próprios, e tu esvoaçaste ocasionalmente.
Até sempre meu amor!

José Cadima

quarta-feira, junho 17, 2009

O amor sou eu (2)

O que é o amor?
O amor sou eu,
uma maré de sentimentos,
um monte de violentos impulsos.

O que é o amor?
O amor sou eu,
num violento impulso
e num enorme sofrimento.

Sentir…amar…
para quê?
Quem não o faz
sobe mais alto,
vai mais longe,
é mais feliz que o amor.

José Pedro Cadima

segunda-feira, junho 15, 2009

Mensagens curtas, endereçadas

Obrigado pela tua mensagem. Deixaste-me muito preocupado com o teu telefonema. Depois das mensagens que trocámos, não imaginei que persistisse tanto mal-entendido sobre as palavras que disse ontem e quanto és importante para mim.
Espero que tenhas conseguido retornar ao trabalho. Não aceito que a nossa relação afectiva possa prejudicar o teu desempenho quotidiado. Se tal acontecer é porque estamos a fazer uma aposta errada e devemos saber tirar daí as consequências sem nos prejudicarmos mais.
Um beijo muito, muito grande,

José Cadima

sexta-feira, junho 12, 2009

A festa está de regresso. Entretanto, Cristiano Ronaldo vai a caminho de Madrid

1. Os últimos dias foram de alguma animação: i) choveu razoavelmente, o que, nesta época do ano, é sempre bom para regar os campos, combater espíritos incendiários e refrescar algumas mentes; ii) tivemos algum sol, para fazer contraste com os dias de chuva e alimentar as fantasias dos(as) que andam obcecados(as) pelas praias e por reencontrar-se com algumas coisas bonitas que o sol e a beira do mar põem à vista; iii) realizaram-se eleições para o parlamento europeu e, contrariando o pessimismo de bom número de portugueses, o PS e o Zé das Baldrocas tiveram a sorte que mereciam, isto é, perderam estrondosamente as ditas, com um resultado só comparável ao que Soares obteve nas últimas eleições presidenciais, este também um resultado bem merecido. Pena, pena é que não tenha havido mais derrotados, como o arremedo de político tacheriano, fora de prazo, que é Manuela Ferreira Leite mais umas quantas encarnações de autênticos liberais e democratas bem encostados ao aparelho do estado e suas ramificações.
2. No meio de tanta alegria, também se viram coisas tristes, como foi a passagem para segundo plano do “caso freeport” e de um rol infindável de trapalhices a que aparece associado o nome do primeiro-ministro de Portugal, e agora também o de Alberto Costa, de quem soube entretanto ter já um largo historial de envolvimento noutras trapalhices, nomeadamente aquando da sua passagem por Macau, que já teve árvores das patacas e agora ter-se-á transformado em viveiro de casinos. A esta tristeza há que somar a do esfumar definitivo da imagem de lutador e de cultor de valores cívicos elevados de Vital Moreira que, depois de “engenheiro” da reforma do enquadramento jurídico do ensino superior nacional, apareceu agora a dar a cara por uma prática de exercício do poder de que, em nome da sua memória política, deveria envergonhar-se. Num certo sentido, olhando a figura com que se apresentou nas eleições, isso até será verdade. Não chegou foi a tomar consciência disso, coitado.
3. Para fechar um período de não muito má memória, como se dirá daqui por uns tempos, chegou a notícia da transferência do Cristiano Ronaldo para o Real Madrid. É uma novidade que gera expectativa nalguns sectores e que não deixará de desapontar outros. Nesta última vertente, lembro-me particularmente das meninas de Manchester e arredores que faziam a alegria de Ronaldo e dos seus “compagnons de route” em certos dias em que necessitavam de tirar a barriga de misérias ou de descarregar a carga negativa associada a piores desempenhos noutros campos de jogos. Que Cristiano Ronaldo seja bem-vindo/ido a Madrid é o que lhe desejo. Estou seguro que as madrilenas não deixarão de lhe acudir nos momentos de maior aflição. Não é em vão que se diz delas que são umas grandes malucas. Não serão todas, é óbvio, mas o nosso “herói” também não as quereria todas.

J. C.

quinta-feira, junho 11, 2009

Thinking of you

Comparisons are easily done
Once you’ve had a taste of perfection
Like an apple hanging from a tree
I picked the ripest one
I still got the seed
Cause I’m always thinking of you
Thinking of us
You are the one
I wish that I was looking into your eyes
To tell you that you are the only one
You’re like an Indian summer
In the middle of winter
Like a hard candy
With a surprise center
You kissed my lips
I tasted your mouth
I’liked it very much
I’m always
Thinking of you, of us…

C. P.

(adaptado de “Thinking of you”, de Katy Perry)

Vida monótona (2)

Porquê eu?
Porquê todos os dias?
Porquê esta vida sem graça?
Cada dia parece clonado do dia precedente,
mostrando um sorriso que encobre
as minhas mágoas,
a minha tristeza,
o meu tédio.
Porquê?

José Pedro Cadima


(texto de 2004, editado nesta data por José Cadima)

segunda-feira, junho 08, 2009

Minha Querida Helena

Quando escreves o que deixas dito, resulta claro que as coisas não vão bem connosco, isto é, que acumulas um rol de frustrações em relação ao que esperarias de mim. Lamento que assim seja. Era isto que eu não queria que acontecesse.
Se me desconforta ler o que escreveste e concluir desta forma é porque gosto muito, muito de ti e não queria que isto sucedesse. Teria sido evitado se não tivéssemos ido tão longe na nossa ligação afectiva.
Falas de "escape" como se fosse uma coisa negativa. Nunca pus isso assim. Quando falo de seres o meu refúgio, único, isso tem o sentido oposto de um encontro íntimo profundo, natural, profundamente desejado. É também a oportunidade que tenho de ser frágil, de ser "criança", de me sentir cansado. Se não posso ser isso contigo, uma parte muito importante do que és para mim deixa de existir.
Aprendi a sofrer em silêncio, a mascarar a minha dor. Se necessário, voltarei a fazer isso, mesmo que me seja crescentemente penoso. Continuarei a refugiar-me no meu trabalho.
Por favor, avalia bem se é este eu (José Cadima, "apenas") que queres. Se não for, talvez seja melhor que defiramos o nosso próximo encontro para uma data futura mais longínqua.
Um xicoração apertado,

José Cadima

domingo, junho 07, 2009

Mensagens curtas, endereçadas

Tu és o estímulo quase singular que tenho na vida. Obrigado por o seres. Mesmo assim, como podes constatar amíude, há momentos em que as forças me abandonam e não me resta senão conformar-me com o facto triste de ter acabado. Tenho conseguido ressuscitar, ocasionalmente. Só não sei até quando serei capaz de continuar a fazê-lo.
Um xicoração,

José Cadima

Interrogações

"Quando não se tem condições para votar a favor, há maneira de fugir a votar contra? No presente cenário sociopolítico, alguém pode abster-se de ir votar contra?"

José Cadima

sexta-feira, junho 05, 2009

Inspiração (2)

És a mais bela mulher do mundo.
És a minha inspiração
e motivação de viver.
És o poder que me move,
a força que me derrete.
És tudo o que eu quero.
És a origem dos meus piores
momentos de desespero.
És a minha inspiração!

José Pedro Cadima

(texto de 2004, editado nesta data por José Cadima)

terça-feira, junho 02, 2009

As tuas mãos (2)

As tuas mãos,
que me tocaram
e acariciaram,
eram doces e belas,
tanto quanto o teu carinho.
A memória das tuas mãos,
doces e belas,
soa-me doce
e traz-me sofrimento.
As tuas mãos...

José Pedro Cadima

(texto de 2004, editado nesta data por José Cadima)