Estou de volta às viagens e ao respectivo encanto. Andei um tempo arredado destas lides. É bom estar de volta. É bom porque me faziam falta a horas de espera nos aeroportos, a comida improvisada para viajantes esfomeados, o “glamour” da partida e da chegada e as madrugadas. Faltavam-me sobretudo as madrugadas para que voltasse a ter oportunidade de passar horas atrás de horas nos aeroportos aguardando o voo de ligação ao destino ou à origem, que também é um destino.
Retorno ao encanto das viagens, embora neste entretanto em que estive fora houvesse algo que se tivesse perdido, irreparavelmente, por troca pelo muito que se ganhou. Perdeu-se, particularmente, a pacatez do controlo de passageiros. Perdeu-se isso para se ganhar a emoção que é embarcar no mundo maravilhoso do “strip tease”: primeiro tira-se o casaco, depois o cinto e logo após os sapatos. Imagino já a próxima etapa…
Sorte, sorte têm certas meninas amantes do “piercing”: o apalpanço não fica só pelos preliminares. Passou também a ser bom trabalhar nos serviços de segurança em causa.
Se há coisas que evoluíram, e muito, há outras que permanecem tal e qual: é espectáculo garantido ir olhando as garotas que passam, nos seus preceitos: se umas se equilibram nos seus sapatos altos, outras há que valorizam mostrar as costas desnudas ou os namorados, os rabos ou as roupas e acessórios com que se decoram. Também as há, coitadas, que não têm que mostrar, não lhes valendo sequer os vestidos. Dos homens não falo. Não lhes acho graça, ponto final!
Nesta ocasião em que estou só a 2 horas da chamada para o embarque (reparem na ironia da palavra: “embarque”), fica-me pouco tempo para discorrer sobre o que me trouxe a este lugar. É pena porque teria muito que dizer sobre o destino, quer dizer, o motivo que me levou a fazer este empreendimento. Poderia, nomeadamente, falar sobre a beleza das noites que se tornam rapidamente dias quando faltam as persianas ou os reposteiros escuros nas janelas dos quartos onde é suposto dormirmos. Poderia escrever sobre televisões que se tornam exclusivamente canais promocionais de alguns produtos e serviços a partir de certas horas. Enfim, poderia falar de avenidas que repetem, triplicam, quadruplicam millenios e alinham cartazes de publicidade a empresas multinacionais às centenas. Só pode ser uma avenida grande, de facto. Seria maior, talvez até uma grande avenida, se acolhesse menos cartazes e, porventura, menos millenios, que já foram jardins, também.
Se tivesse tempo, digo, poderia falar de tudo isso e muito mais. Como o tempo me escapa (já só me resta uma hora e cinquenta e cinco minutos de espera), vou ter que deixar esses temas para melhor oportunidade. A vantagem que daí me advém é que assim não me escassearão os temas de análise como me escaparam hoje, como resulta evidente agora que penso nas banalidades que aqui deixei registadas.
Quem não tem sobre que falar só tem que dar-se ao incómodo do inventar!
J. C.
Retorno ao encanto das viagens, embora neste entretanto em que estive fora houvesse algo que se tivesse perdido, irreparavelmente, por troca pelo muito que se ganhou. Perdeu-se, particularmente, a pacatez do controlo de passageiros. Perdeu-se isso para se ganhar a emoção que é embarcar no mundo maravilhoso do “strip tease”: primeiro tira-se o casaco, depois o cinto e logo após os sapatos. Imagino já a próxima etapa…
Sorte, sorte têm certas meninas amantes do “piercing”: o apalpanço não fica só pelos preliminares. Passou também a ser bom trabalhar nos serviços de segurança em causa.
Se há coisas que evoluíram, e muito, há outras que permanecem tal e qual: é espectáculo garantido ir olhando as garotas que passam, nos seus preceitos: se umas se equilibram nos seus sapatos altos, outras há que valorizam mostrar as costas desnudas ou os namorados, os rabos ou as roupas e acessórios com que se decoram. Também as há, coitadas, que não têm que mostrar, não lhes valendo sequer os vestidos. Dos homens não falo. Não lhes acho graça, ponto final!
Nesta ocasião em que estou só a 2 horas da chamada para o embarque (reparem na ironia da palavra: “embarque”), fica-me pouco tempo para discorrer sobre o que me trouxe a este lugar. É pena porque teria muito que dizer sobre o destino, quer dizer, o motivo que me levou a fazer este empreendimento. Poderia, nomeadamente, falar sobre a beleza das noites que se tornam rapidamente dias quando faltam as persianas ou os reposteiros escuros nas janelas dos quartos onde é suposto dormirmos. Poderia escrever sobre televisões que se tornam exclusivamente canais promocionais de alguns produtos e serviços a partir de certas horas. Enfim, poderia falar de avenidas que repetem, triplicam, quadruplicam millenios e alinham cartazes de publicidade a empresas multinacionais às centenas. Só pode ser uma avenida grande, de facto. Seria maior, talvez até uma grande avenida, se acolhesse menos cartazes e, porventura, menos millenios, que já foram jardins, também.
Se tivesse tempo, digo, poderia falar de tudo isso e muito mais. Como o tempo me escapa (já só me resta uma hora e cinquenta e cinco minutos de espera), vou ter que deixar esses temas para melhor oportunidade. A vantagem que daí me advém é que assim não me escassearão os temas de análise como me escaparam hoje, como resulta evidente agora que penso nas banalidades que aqui deixei registadas.
Quem não tem sobre que falar só tem que dar-se ao incómodo do inventar!
J. C.