terça-feira, março 31, 2009

Sonhos a Um Espelho: texto base das sessões de apresentação do livro (IV)

Nestes últimos tempos, não tenho escrito poesia. Tenho tido dificuldades em conciliar os estudos com esta outra ocupação dos meus dias. No entanto, num esforço para conjugar a vertente da escrita com o estudo técnico/científico, tenho, regularmente, escrito artigos de opinião para o Suplemento de Economia do Diário do Minho, do qual o Dr. Ricardo Rio é editor.
Não têm tanto amor e paixão, mas tento sempre que possível escrever os artigos a partir de algum elemento que me inspire, isto é, são textos que exprimem igualmente emoções, de alguma forma.
A Isa é a figura da capa. É uma presença incontornável na minha vida nos últimos anos. Num livro de amor, que melhor capa escolher?
A origem do título é um blogue: o blogue, Sonhos a um Espelho.
Novamente, agradeço-vos muito terem decidido estar aqui presentes, como expressão da vossa simpatia. Espero que tirem prazer do livro e que este vos ajude a fugir ao cinzentismo do quotidiano que vai tolhendo muitos de nós.
Muito obrigado!

José Pedro Cadima

domingo, março 29, 2009

Sonhos a Um Espelho: texto base das sessões de apresentação do livro (III)

Finalmente, chegada a altura de me reportar ao último capítulo, e dado que a maioria dos poemas são de amor, como sublinhei, dado que ainda não li nenhum poema especialmente focado nesse tema, decidi escolher ler-vos um texto que, no meu entender, faça justiça ao mesmo:

Poema 4:

Meu achado

Ai Achado!
Meu coração-agulha, bússola
que aponta em ti
Um traço teu,
faz-me amar-te,
como a agulha ao norte.

As tuas sardas-meninas,
luzentes ao sol e à luz,
invisíveis na noite
ou no meu quarto escuro,

Iluminam-tea vergonha
por me pedir um beijo.

Prova-me nos lábios
o amor que lhes tomei.

Este poema foi um dos que me deu mais trabalho a elaborar, porque o quis oferecer de presente aquando da celebração de uma data que me é também ela muito especial. Na altura, cheguei a trocar várias impressões com o meu professor de Português no Secundário, o professor Vasco Silva, também autor do prefácio, que me aconselhou a fazer várias modificações.

sexta-feira, março 27, 2009

Sonhos a Um Espelho: texto base das sessões de apresentação do livro (II)

Poema 2:
.
Voltar a viver
Apetece-me saltar de tão alto
que voltar ao chão seja impossível.
Apetece-me correr tão rápido
que parar pareça um sonho.
Apetece-me entrar num sono tão profundo
que acordar seja voltar a viver.
.
O segundo capítulo surge, também, informado pelo sentimento de angústia. Ainda assim, nota-se nele uma evolução relativamente ao período anterior. Digamos que as fases apaixonar-se -> rejeição -> desespero evoluem para terminar numa ideia de impossibilidade.
Poema 3:
.
Sentimentos
Nunca conheci a felicidade.
Também não lhe chamo tristeza.
Fico-me pelo tédio;
mas que é uma miséria de tédio, isso é!
.
Este capítulo, intitulado, "Um amor a voar", continua o tema da paixão, que é mantido até agora. Este texto faz parte do percurso de maturação da minha escrita. Por isso o escolhi.
Este poema representa a altura da minha vida em que a poesia parou de ser forma de exteriorizar emoções relacionados com o amor para passar a ser realmente uma veiculo que me permitiu exprimir todo e qualquer sentimento ou emoção.
*
José Pedro Cadima

quarta-feira, março 25, 2009

Sonhos a Um Espelho: texto base das sessões de apresentação do livro (I)

«1. Muito Obrigado à Papiro Editora pela colaboração prestada para tornar este projecto real, à [...] pela cedência do espaço para esta apresentação deste meu livro, e a todos os que quiseram associar-se a este acto por estarem aqui presentes.
2. Se dissesse que não pensei no que diria aquando deste momento, estaria a mentir. Especialmente a partir da altura em que comecei a distribuir convites, a minha principal preocupação foi o que dizer a quem decidisse despender algum do seu tempo para estar aqui nesta apresentação promocional. Por isso, vos agradeço e, estando aqui para me incentivar e ouvir, decidi aproveitar o privilégio da vossa presença para vos dizer algo suficientemente elaborado que não defraudasse a vossa expectativa. Vamos ver se o consigo.
Embora possam já ter ouvido noutras cerimónias similares e possa parecer um cliché aquilo que vos vá dizer, não é minha intenção que tal aconteça. Para quem está deste lado, há um sentimento que, de alguma forma, condiciona o número de palavras a usar.
3. Como alguns de vocês saberão, comecei a escrever quando andava no meu nono ano. Hoje, ando no segundo ano da licenciatura em Economia, na Universidade do Minho. O Percurso que fiz não foi de nenhuma forma linear. Vivi com alguma força os sentimentos de paixão adolescente de que o meu livro dá testemunho. Este livro é uma colectânea de vários textos que tenta representar esse percurso, em especial os momentos mais relevantes.
4. Sem pretender maçar-vos, proponho-vos agora que oiçam alguns dos poemas que podem encontrar no livro. Dessa forma, poderão estabelecer a conecção entre o livro e a minha vida de que vos falo. Ainda assim, e dado que a maioria dos poemas no livro são de amor, não querendo tornar este diálogo pesado, decidi ler só um poema focado no amor, do último capitulo deste “Sonhos a Um Espelho”.
Perdoem-me, mas como não consigo decorar absolutamente nada. Terei que ler.
Poema 1:

Poemas
Queria escrever algo
de corpo e alma,
que ganhasse asas,
que pudesse voar.
Queria escrever algo
que me transportasse para lá do efémero,
mas fui apenas capaz de alimentar pensamentos
que me lembram abandono
e trazem tormento.
.
Este poema não é do tipo dos mais comuns de se encontrar no primeiro capítulo, mas é talvez a primeira vez que coloco dentro da minha concepção de abandono a escrita como sua oposição. Ainda que, nesta fase, o desespero ou a paixão estivessem sempre presentes.
[...]»
José Pedro Cadima

segunda-feira, março 23, 2009

Sonhos a Um espelho: Almedina Braga


"Sonhos a Um Espelho representa um passo – outro passo – que José Pedro Cadima acrescenta num livro em que a palavra ganha espessura.
Alinhados por temas, os poemas deste livro cunham a sua visão do mundo, turbulenta, entretecida pelo tema do amor nas suas variantes: o ciúme, a mágoa – repercutida no despeito e, às vezes, no cinismo –, o capricho, a contenção física, o autodomínio, a celebração do momento amoroso, o peso do tempo, a saudade, o desespero do abandono, o sofrimento de amor, o amor contemplativo, a aspiração ao amor absoluto, o amor ensimesmado, destrutivo e autodestrutivo, o amor masoquista, as contradições do amor..."

Vasco Silva


(excerto do prefácio do livro Sonhos a Um Espelho, cuja apresentação a Papiro Editora vai promover no dia 25 de Março, pelas 16 horas, na Almedina Braga, Campus Universitário de Gualtar, Universidade do Minho)

sexta-feira, março 20, 2009

Sonhos a Um Espelho: 2º acto do lançamento promocional do livro



O autor José Pedro Cadima e a Papiro Editora têm o prazer de convidar V. Exa. a estar presente no lançamento promocional do livro Sonhos a Um Espelho, que terá lugar no dia 25 Março (4ª feira), pelas 16,00 horas, na Almedina em Braga, no Campus Universitário de Gualtar.

Papiro Editora
Lisboa
Rua Virgílio Martinho, nº3 D, escritório F, 1600-821 Lisboa
t 218 931 620 * f 218 931 629 * infolisboapapiroeditora.com

quinta-feira, março 19, 2009

“Da minha janela - II”

“Discute-se Braga, critica-se a gestão da cidade e, amiúde, esquecemo-nos que a construção da cidade é obra de todos; esquecemo-nos de nos questionar sobre o caos do tráfego urbano que ajudamos a cultivar, a falta de limpeza resultante de tantos pequenos gestos denunciadores de pouco espírito cívico, a mesquinhez de atitudes que desfiguram, desqualificam o ambiente e o ordenamento urbanos.
Indignamo-nos com a «praia das Sapatas» e alheamo-nos da evolução da construção do Museu D. Diogo de Sousa; criticamos a construção de silos automóveis no centro histórico e ignoramos a sustentabilidade da vida económica, social e a própria potencialidade de salvaguarda do mesmo centro histórico; questionamos a intervenção pública a nível de equilíbrio entre espaço construído e espaço lúdico e a qualidade da manutenção deste no nosso bairro e vamos despejar os nossos lixos na estrada do Picoto, nos acessos à Falperra ou ao Bom Jesus.
Claramente, falta-nos ser bons cidadãos; falta-nos começar por saber questionar-nos a nós antes de nos arrogarmos o direito de criticar os outros. E os políticos, a gestão camarária, a oposição? Perguntar-se-á.
Esses são também cidadãos, iguais aos restantes, e não espantará por isso que façam e/ou defendam os mamarrachos. No final, face à crítica, existe sempre disponível o argumento da subjectividade do valor estético.”

J.C.
(reprodução parcial de crónica do autor identificado publicada no jornal Notícias do Minho de 95/03/04, em coluna regular genericamente intitulada “Crónicas de Maldizer”)

terça-feira, março 17, 2009

“Da minha janela - I”

“Da minha janela avisto ao longe o Picoto; avisto ao longe o Picoto e vejo, mais perto, um amontoado de construções urbanas de discutível valor estético. É verdade que a beleza e o gosto são discutíveis.
Mesmo uma baleia é bela; é bela(o) desde que não se trate de uma mulher (ou um homem) deformada(o) por uma dieta deficiente ou pela doença. E é precisamente nesse sentido que podemos questionar a estética urbana ou, tão simplesmente, dos edifícios: mamarrachos são sempre mamarrachos, caixotes são toda a vida caixotes.
Discute-se muito a qualidade estética da edificação em Braga. Talvez se devesse discutir a qualidade estética (e de construção) dos edifícios de todas as cidades portuguesas, sabido que é que há bons e maus exemplos em Braga como noutros lugares. Mas, seja: discute-se a qualidade da construção em Braga, e devia discutir-se a construção da cidade, quer dizer, a qualidade da vivência urbana que Braga oferece aos seus cidadãos e aos que a visitam. E é bom que assim seja; melhor: era bom que assim fosse. Era bom que assim fosse porque isso quereria dizer que não bastavam para nos alegrar os males de outros (se além se faz pior…).”

J.C.
(reprodução parcial de crónica do autor identificado publicada no jornal Notícias do Minho de 95/03/04, em coluna regular genericamente intitulada “Crónicas de Maldizer”)

sábado, março 14, 2009

Sexta-feira 13

Que podemos esperar
De uma sexta-feira 13?
Sentir pele de galinha
Ao vermos um gato preto
Ao partirmos um espelho…
Mas também podem dois corpos
Entregarem-se de forma única
Mas também podem dois seres
Sentirem-se almas gémeas
Mas também podem dois corpos
Desabrocharem ignorando o mundo lá fora
No contrariar é que está o ganho…

C.P.

quinta-feira, março 12, 2009

Sonhos a Um Espelho: lançamento promocional do livro


O autor José Pedro Cadima e a Papiro Editora têm o prazer de convidar V. Exa. a estar presente no lançamento promocional do livro Sonhos a Um Espelho, que terá lugar:
i) no dia 14 de Março de 2009 (Sábado), pelas 16,00 horas, na FNAC Braga Parque;
ii) no dia 25 Março (4ª feira), pelas 16,00 horas, na Almedina em Braga, no Campus Universitário de Gualtar.

Papiro Editora
Lisboa
Rua Virgílio Martinho, nº3 D, escritório F, 1600-821 Lisboa
t 218 931 620 * f 218 931 629 * infolisboapapiroeditora.com

quarta-feira, março 11, 2009

“A favor de que se enterrem os mortos - I”

“1.Tenho por hábito proceder periodicamente a um balanço da minha participação nas páginas deste jornal, à semelhança do que faço em relação à minha vida. Nem sempre me agrada o resultado dessa observação (introspecção), confesso, mas todos aprendemos que a vida não é feita só de coisas boas. Em todo o caso, pelo que se refere às crónicas, senão é para falar de coisas boas que existem, têm pelo menos na sua génese causas boas.
Obviamente que admito que há causas e causas. Assim como tenho que admitir que ainda hoje não estou plenamente convencido que é uma boa causa perder o meu tempo (se fosse noutra época, deveria dizer o meu latim) com o Eng. Guterres. Por contrapartida, nunca dei por mal empregue qualquer vergastada que dirigi ao Prof. Cavaco.
Aliás, o que mais admirava no homem era, precisamente, o jeito especial que tinha para pôr-se a preceito: quando não eram pacotes políticos eram as inaugurações de última hora; quando não era a ausência de dúvidas era o nunca se enganar; se não eram as portagens da ponte eram os desacatos da polícia de choque; quando não era…
E se fizera falta algum argumento para justificar a justeza do uso das farpas, aí está ainda hoje o mesmo Cavaco Silva a ajeitar o corpo a pretexto de mais uma jantarada, da regionalização ou de qualquer outro assunto que lhe ocorra, e que se lhe sugira que fará a comunicação social falar de si.”

J.C.

(reprodução parcial de crónica do autor identificado publicada no jornal Notícias do Minho de 96/09/06, em coluna regular genericamente intitulada “Crónicas de Maldizer”)

segunda-feira, março 09, 2009

Emoções

"Perdoa que não te diga mais nada. Não esperava esta tua mensagem tão forte, tão emotiva."

José Cadima

sexta-feira, março 06, 2009

“A favor de que se enterrem os mortos - III”

3. De retorno ao mundo dos vivos (salve seja), gostaria de assinalar a curiosidade, que me foi revelada não vai para muito tempo, de contar entre os meus mais fiéis leitores alguns universitários da academia minhota. É claro que me sinto lisonjeado. Tanto mais quanto nunca pus a menor pretensão nesta crónica, como muito bem o podem testemunhar os leitores mais assíduos.
Posta fora a erudição, considerando o número mais do que escasso de análises em que tomei por objecto a causa universitária ou os seus agentes, este interesse com que os académicos parecem considerar as minhas crónicas causa-me estranheza, confesso. Tanta mais estranheza, digo, quanto a agitação que terão provocado no meio as duas ou três incursões a que me habilitei até à presente data.
Atentando nos frutos alcançados, fica-me o estímulo bastante para novas abordagens.”

J.C.
(reprodução parcial de crónica do autor identificado publicada no jornal Notícias do Minho de 96/09/06, em coluna regular genericamente intitulada “Crónicas de Maldizer”)

quinta-feira, março 05, 2009

“A favor de que se enterrem os mortos - II”

2. Já que falo de mortos, permitam-me os meus caros leitores o desabafo, mas se há coisa que me irrita é, exactamente, o desaforo que têm certos defuntos de recusarem a santa paz que a morte, e só a morte, lhes pode proporcionar.
Concedo a antiguidade da tradição (segundo alguns, a remontar a J. Cristo) mas, como é bem conhecido, a tradição já não é o que era. E já não sendo o que era, como se assinala, entendo que é talvez tempo de voltar a fazer escola a prática sadia de enterrar os mortos e cuidar dos vivos. Mais a mais, num tempo e num mundo em que os empregos escasseiam mesmo para os vivos e se perdeu a velha sabedoria egípcia de embalsamar os mortos de forma a não cheirarem mal.”

J.C.
(reprodução parcial de crónica do autor identificado publicada no jornal Notícias do Minho de 96/09/06, em coluna regular genericamente intitulada “Crónicas de Maldizer”)

segunda-feira, março 02, 2009

Aqueles momentos

Há aqueles momentos
sem nada que escrever,
sem nada para dizer.
Pois bem, este não é um deles,
e, mais do que nunca,
apetece-me escrever,
correr, saltar, delirar
e, sobretudo, estar
a teu lado e abraçar-te.
Apetece-me inspirar
e expirar muito lentamente,
ouvir a tua respiração
em sincronia com a minha.
E apetece-me
chegar os meus lábios
ao teu ouvido, lentamente,
e dizer-te: amo-te!

José Pedro Cadima

(poema extraído de "Sonhos a Um espelho", Papiro Editora, Lisboa, 2009 - com lançamento público agendado para 14 de Março pf., pelas 16,00 horas, na FNAC Braga, Braga Parque)