sábado, fevereiro 28, 2009

O orgulho

O orgulho de te ver
A tentar mudar o mundo
A tentar escalar montanhas
A tentar dobrar Cabos de alguma Esperança
A tentar mudar o ser humano
A tentar fazê-lo ser humano
A tentar jogar frontal e directo
A tentar ser honesto
A tentar jogar certo
A tentar ajudar os outros a crescer
A tentar libertar os outros
Fazes ideia do orgulho que tenho por tentares?
Acredito que não.
Sou apenas uma pequerrucha…

C.P.

terça-feira, fevereiro 24, 2009

“O gato e o sapato”

“Devo confessar a perplexidade que me assiste ao constatar a facilidade com que algumas pessoas, de um momento para o outro, abdicam de metas por que lutaram durante décadas ou aceitam que se chame sapato ao gato.
Talvez seja ingenuidade minha mas continuo a acreditar que há coisas e princípios de que não se abre mão por dinheiro nenhum, isto é, não têm preço. Dantes, ia-se mesmo mais longe e era usual dizer-se que havia «coisas» que não se emprestavam: por exemplo, a mulher e o carro. Temos no entanto que consentir que os tempos são outros.
Vem tudo isto a propósito, como certamente já terão alcançado, do abuso de linguagem que por aí vai, que tem expressão acabada no chamado Plano de Desenvolvimento Regional 1994/99.
Então não é que alguém, não sei se ministro ou secretário de estado, resolveu chamar «Plano de Desenvolvimento Regional» a um documento de planeamento que: primeiro, de quatro objectivos específicos que consagra, só um comporta intervenções territorializadas; segundo, e decorrente dos muitos milhões de ECUs que consigna, reserva uma percentagem de cerca de 20% para a correcção dos desequilíbrios existentes no território nacional; terceiro e último, tem na Expo 98 lisboeta um dos seus projectos estruturantes (e, obviamente, um soberbo sorvedor de recursos financeiros).
Incrível, não acham?! Diria mais: quase tão incrível quanto a falta de interesse ou percepção com que isso passou junto da opinião pública, e dos próprios actores sociais e políticos. Que eu saiba, com a honrosa excepção de um professor universitário de Évora (mal intencionado?) e de meia dúzia de presidentes de Câmara, ninguém mais reparou nisso ou lhe concedeu qualquer atenção.
Para sossegar os leitores, devo informar que o professor universitário em questão teve o destino que merecia em razão da ousadia: a comunicação em que cometia a heresia foi ignorada, por um lado; além disso, de seguida foi designado vice-reitor da referida universidade, como único meio de expiar o pecado. Relativamente aos autarcas não vale a pena falar; no final, eles são também participantes do mesmo jogo político e, portanto, não lhes faltará oportunidade para se pagarem na mesma moeda.
E sabem que mais? Tenho para mim como mais incrível ainda que ministros, secretários de estado e o próprio primeiro-ministro consigam referir-se ao «PDR» nas suas deambulações pelo Alto Minho, Trás-os-Montes, Beira Interior e Alentejo, enaltecendo as virtualidades redentoras dos meios financeiros que consagra, sem que, a meio do discurso, desatem a rir a “bandeiras despregadas”.
Parolos! Que bem nos achamos na figura de parolos.”

J.C.
(reprodução integral de crónica do autor identificado publicada no jornal Notícias do Minho de 94/12/17, em coluna regular genericamente intitulada “Crónicas de Maldizer”)

sábado, fevereiro 21, 2009

Minha Querida Helena

“Do rio que tudo arrasta se diz que é violento, mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem” (B. B.). Sendo assim embora, tenho que agradecer a benevolência com que apreciaste os breves momentos que passámos juntos e pedir-te desculpa por te ter tratado de forma tão rude.
Fico muito desconfortável quando alguém penetra no meu mundo e ainda mais quando, simultaneamente, pressinto “estranhos” a tentar cercar-me. Nessas circunstâncias, sou obrigado a pôr armadura e a rechaçar quem quer que se aproxime. Tu foste vítima disso. Pode ser que numa próxima vez tenhas mais sorte. Não posso dizer-te mais nada, isto é, não sou capaz de garantir-te que isso não volte a acontecer.
Fazes-me falta, é certo. Disso te falei já noutra ocasião. Também te dizia que é da minha natureza sentir falta de quem me faz sorrir. Não te disse, no entanto, que a natureza sou eu e tu sabes quanto a natureza é caprichosa e injusta, porque lhe escapa o sentido comum de justiça.
Sinto falta de ti, mas, amiúde, não deixo de perceber-te como uma ameaça. Ameaça-me a incerteza de ser teu porto seguro ou, melhor, a certeza de saber que nos mares por onde navego raramente há águas calmas e se, com engenho, algumas vezes, a pulso, na maior parte dos casos, vou conseguindo manter o barco à tona da água, receio que o teu peso altere este frágil equilíbrio que me permite marear.
Fazes-me falta sobretudo nestes dias amargos. As tuas ausências ocupam-me o pensamento e, no entanto, não me deixo convencer que não sejas uma ameaça ao meu mundo. Balanço entre baixar defesas e deixar-te entrar ou manter-me em estado de alerta, protegido por muralhas que nem tu saberás galgar.
Querida Helena, perdoa-me por, nestes breves momentos que passámos juntos, não ter sido capaz de deixar de ser natureza para ser tão só o amor que anseias ter, suave e doce.
Um beijo muito grande,

José Cadima

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Que é amar?

É sentir esta vontade de correr para ti
Correr e correr sem parar
Fazeres-me rir
Fazer-te sorrir
Baloiçar-me
Baloiçar-te
Fazer Dlim, Dlão
Esquecendo o mundo lá fora
Fazer versos apenas para ti
Senti-los e alimentá-los
Sentir de forma intensa os teus Xi-Corações
Que nunca tive antes
Permitires que me revele
Que seja eu própria, finalmente
Mimares-me
Mimar-te
Ter a certeza de que te vou amar até ao fim

C.P.

sábado, fevereiro 14, 2009

Falta de ti

Fazes-me falta.
Fazes-me muito falta,
e não é por ser dia de namorados.
É, antes, porque é da minha natureza
sentir falta de quem me faz sorrir,
de quem me faz sentir relevante,
num tempo de datas e gestos gratuitos.
É bom sentirmo-nos desejados.
Sinto falta de ti,
amor de anos tardios,
quando o amor parecia
não estar mais ao meu alcance.
Fazes-me falta sobretudo nestes dias amargos,
em que a tua ausência sofrida
te torna mais presente no meu pensamento.
Fico a desejar que amanhã queira dizer regresso.
Fico a ansiar que as circunstâncias infelizes
que te mantiveram longe, nestes dias sofridos,
sejam apenas tempo de espera de dias risonhos.
Sinto falta de ti,
uma desesperante falta de ti.


José Cadima

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Beijar-te

Era capaz de beijar o teu corpo todo,
e depois voltar a fazê-lo.
Era capaz de te olhar nos olhos,
e contemplar a beleza que deles irradia,
durante horas.
Era capaz de te abraçar,
e sonhar que esse momento durasse para
sempre…

José Pedro Cadima

(poema extraído de "Sonhos a Um espelho", Papiro Editora, Lisboa, 2009 - conferir data de lançamento público na mensagem imediatamente abaixo)

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Sonhos a Um Espelho


O autor José Pedro Cadima e a Papiro Editora têm o prazer de convidar V. Exa. a estar presente no lançamento promocional do livro Sonhos a Um Espelho, que terá lugar no dia 14 de Março de 2009, pelas 16 horas na Fnac Braga Parque.

Papiro Editora
Lisboa
Rua Virgílio Martinho nº3 D escritório F 1600-821 Lisboa
t 218 931 620 * f 218 931 629 * infolisboapapiroeditora.com

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Passar a Ponte

Foi há cerca de oito meses
Que uma ponte te quis lançar
Não sabias na altura
Que ta queria entregar
Para passares
Sem perigo de baloiçares
Eras então um grande desafio
Ainda bem que o abracei
Pois sei que o serás para todo o sempre
Hoje como então
Continuo a sentir-te a todo o instante
Mas já sem agonia constante
Alegria sinto
Sempre que estou contigo
Mas continuo a perguntar-me
Como posso merecer um homem assim?

C. P.

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Minha Querida Helena

Pese o carinho com que me tratas, pese as palavras doces que me diriges, sinto em ti alguma amargura quando reclamas da forma como te trato. Reclamas que me escuso a usar a palavra amor. Queixas-te de que o amor que me dedicas é maior que aquele com que te (não) correspondo.
Desculpa que questione esse teu modo de pensar o amor. Para mim, o amor não é coisa de palavras ou, pelo menos, de grandes declarações, até porque facilmente tropeço nelas; sobretudo se de palavras ditas se trata. A palavra escrita já me dá mais conforto e, por isso, nela me refugio amiúde, como faço agora. O amor, minha querida Helena, é para mim uma coisa do domínio exclusivo das emoções, das emoções fortes, digo, tal qual a raiva, o desprezo, a recusa assumida de algo que me é imposto. O amor, sinto-o bem vivo, aos pulos, quando te acolho nos meus braços, quando te aperto contra mim, querendo tornar esse abraço mais forte mas receando, ao mesmo tempo, esmagar-te. Sim, isso é amor mesmo, mesmo se fico no limiar de te magoar fisicamente.
Aceito, amor meu, que te exprimas de forma distinta da minha. Aceita, por seu turno, que eu me exprima à minha maneira. Não sei ser senão à minha maneira, mesmo quando isso é razão de desconforto para outros e, nessa medida, para mim. Não sei ser de outra maneira… Não sei e, confesso-te, também já não quero.
No passado, cheguei, amiúde, a encarar teatralizar os meus gestos, as minhas palavras. Conclui logo que não tinha jeito para o teatro. Aparte isso, a minha vida tinha já drama suficiente. Pena tenho que me tenha feito amargo em expressão desse drama. Se me tivesse sido possível escolher, teria preferido vestir o fato do actor de comédia, sem me tornar comediante.
Não sei ser diferente do que sou. Percebendo-o, talvez consigas que fiquem menos amargas as minhas palavras e pensamentos. Sonho que sim. Sonho que sim, como sonho contigo, meu amor.
Recebe um xicoração muito grande,

José Cadima

terça-feira, fevereiro 03, 2009

"A dinâmica económica internacional pode ser vista como a maior de todas as olimpíadas"

"A dinâmica económica internacional pode ser vista como a maior de todas as olimpíadas, isto é, uma enorme competição.
Para sustentar a ideia de competição basta procurar alguns indicadores económicos e perceber que todos os anos há uma enorme corrida onde todos os países são pontuados com melhores ou piores classificações. Qualquer competidor quer, obviamente, o ouro, mas dificilmente se verá Portugal, como candidato, receber o diploma de participação, quanto mais uma verdadeira medalha."
José Pedro Cadima
*
(excerto de artigo de opinião publicado na edição de hoje do Suplemento de Economia do Diário do Minho, integralmente reproduzido em Economia Portuguesa, sob o título Guia para a competição)

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Mensagens curtas, endereçadas

Obrigado pelo esforço que fizeste para dar encaminhamento atempado à nossa encomenda.
Imaginei que gostasses de ler o texto. É um texto para descontrair. Gostava de ter tempo e espírito para retomar aquele tipo de trabalho. O J.C. tem entretanto andado perdido por aí e não sei se alguma vez mais o reencontrarei.

José Cadima