domingo, agosto 31, 2008

Minha Querida Helena

Sentado à mesa do restaurante, olho a mulher de cabelos louros que se senta, só, à mesa do piso inferior, à beira da doca, e penso em ti. Nos seus cinquenta anos (estimo), entretendo-se com o telemóvel, que pensará aquela mulher? Que angústias a assaltam? Porque se refugia no mexer nervoso no seu telemóvel cor-de-rosa? Cuidada no vestir, cuida-se porquê?
Só, à mesa, olhando o agitar das águas fronteiras, sentir-se-á só, como eu, porque me faltas tu, ou está simplesmente só?
Congratulo-me que se tenha ido embora entretanto. Assim, a tua ausência é-me menos penosa, a tua lembrança é menos permanente. Porque me trouxe a mulher que se encontrava lado a lado com a água desta doca a tua memória? Porque me sinto eu só ou porque me custa a tua ausência?
Quem se sentará de seguida na mesa agora deserta? Outra mulher loura, só, mexendo nervosamente num telemóvel cor-de-rosa ou de outra cor qualquer? São estranhos estes destinos que nos trazem longe e perto e nos confrontam com as angústias, supostas, dos outros, que, porventura, são sobretudo as nossas angústias.
Hoje, meu amor, sobretudo hoje, nesta hora, teria preferido ter-te aqui comigo, para que a imagem da mulher sentada, só, na mesa da frente, não me fizesse lembrar a minha solidão, as minhas angústias, a falta que me fazes, particularmente em ocasiões como esta.
Um beijo grande,

José Cadima

sábado, agosto 30, 2008

O teu amigo desconhecido (2)

De ti eu gostei.
Ainda gosto …
embora preferisse que fosse doutro modo.
Não te amar, eu tentei,
mas perdi.

Que sou eu sem ti, para ti?
Sem, no mínimo, ser teu amigo,
sou apenas alguém,
alguém que não vai para além
de um desconhecido.

José Pedro Cadima

sexta-feira, agosto 29, 2008

Deitar-te (me)

Deito-me e sinto-te a meu lado
Ainda ouço o sussurrar das tuas palavras
Que disseste há pouco no meu leito
Queres deitar-me
Aconchegar-me no meu leito
Sinto esse gesto
Mesmo estando tu ausente
Viro-me e recordo as tuas palavras
Envolvo-te nos lençóis
Deito-te a meu lado…

C.P.

quinta-feira, agosto 28, 2008

Minha Querida Helena

Sabendo-te longe, penso em ti. Estivesses tu perto e mais pensaria em ti. É estranho o que nos torna próximos, e mais intrigante é o que me faz correr para ti. Talvez em razão dessa estranheza, por vezes, sinto-me tentado a fugir-te.
Leio as tuas cartas e questiono-me sobre o que fazer com o teu amor, o que fazer contigo, desconfortado com esse amor que me dedicas, eu que me habituei a dores múltiplas e a amores que me trazem sofrimento. Certo de vir a desapontar-te, chego a perguntar-me se não teria sido preferível que essa paixão nunca tivesse despertado, que o acaso não te tivesse levado a olhar para mim como objecto de amor.
Não, não sei corresponder aos teus anseios, à tua sede de carinho. Objecto de amor, fico sem graça, mesmo se sem graça sempre estive, incapaz de dar-te o xicoração que mereces e incapaz de to negar por nele me reencontrar com uma dimensão escondida de mim. Refiro-me àquela dimensão que revela o ser carente de amor que sou.
Perturbado, passo em revista os breves momentos do nosso encontro, ainda tão recente, já tão intenso. Recordo o jogo com que pensei escapar-te, fugindo a admitir quanto me cativava imaginar-me desejado, objecto do teu amor. Soçobrei, fiquei aquém do que era exigível para resistir aos laços com que quiseste envolver-me. Frágil, outra vez. Frágil sempre, talvez quando fosse mais necessário que me mostrasse forte, inacessível na minha carência angustiada.
Sabendo-te longe, desejava-te perto, bem colada a mim.
Um beijo grande de saudade,

José Cadima

quarta-feira, agosto 27, 2008

Abdicar

Abdicar… Aí está algo realmente difícil. Só a palavra já inspira medo.
Abdicar… A sua força derrubaria não uma montanha mas uma serra inteira. O seu peso puxaria o sol até mim.
Já perdi tudo, já perdi tudo tantas vezes… Agora abdico, abdico daquilo que uma vez perdi e de que, quando tomei a certeza que era meu, abdiquei.

Acendo um cigarro (eu não fumo, apenas me vejo com um cigarro nos momentos mais mórbidos; talvez seja em razão da proximidade da morte), vejo o fumo sair e, subitamente, começa a chover (o tempo é sempre o mesmo, a chuva cai dos meus olhos!). Apago o cigarro e percebo que estou descalço, nu e num deserto gelado, na noite mais fria do ano (sentimento constante).

Abdiquei da lua pois não encontrei nada mais belo. Desejei ser outro. Desejei que tudo fosse diferente. Depois desejei ser eu mesmo e ter tudo como agora. Tornei isto num ciclo de desejos. Por fim, passei a contradizer-me. Agora tento perceber qual deles sou e como está tudo.

O vento gelado sopra e trás com ele neve. O meu corpo não cede. O fumo daquele cigarro é como a dor que sinto: algo acabado de tirar do coração, sempre quente.
A dor é que me mantém vivo. É a prova de que sinto. Se não houvesse dor, não havia nada.
Dirijo-me para norte. Qualquer Canguru ficará feliz por me ver e acolher em sua casa.

Abdiquei ainda no outro dia de um pouco de tempo da minha vida. Foi por uma boa razão: meter o ombro deslocado no sítio. Tive, pois claro, o custo de oportunidade: não vi de que é que tive que abdicar mais. Quando souber o que foi, chorarei por isso.

Estou a ver ao fundo a casa gelada.
- Abdicarás do teu deserto gelado para entrar nesta bela casa? – perguntou o Canguru.
- Ó meu filho da puta… Põe-te no caralho!

José Pedro Cadima

segunda-feira, agosto 25, 2008

Minha Querida Helena

Obrigado pelas tuas mensagens. Não te sintas obrigada a comunicar comigo enquanto estiveres por essas paragens longínquas. De vez em quando, é bom cortar com o mundo.
A minha comunicação é só na 6ª feira à tarde, na véspera de regressar.
Vejo que os campos de milho começam a agitar-te. Nota o seguinte: os campos de milho fornecem uma cobertura excelente para quem penetre neles. Normalmente, as plantas são muito altas e densas. No passado, o milho era criado de forma menos densa e no mesmo chão era cultivado feijão rasteiro, não tomates. Quem quisesse usar o campo de milho para outras actividades que não a sacha ou a rega, podia fazê-lo com razoável à-vontade. Obviamente, talvez ficasse um pouco empoeirado mas, em situações de emergência, isso pouco importaria, até porque a actividade agrícola já implica, ela própria, lidar com alguma poeira. Isto dito, encontras aqui o fundamento para a ficção criada em torno do milho. Hoje em dia, creio que os campos de milho perderam muito do seu encanto, mesmo pelo modelo de cultivo praticado.
Espero ter dado um modesto contributo para o esclarecimento da questão candente que colocavas.
Também gostei "um poucochinho" de estar contigo ontem. Forneceu-me ânimo para a semana que se avizinha, e alguma preocupação.
Dado gostares um bocadinho de mim, como dizes, sou obrigado a dar um desconto grande às considerações que fazes, nos diferentes aspectos a que te referes. Essa de eu ter umas pernas bonitas não passaria pela cabeça de ninguém mais objectivo. Conforme te expliquei variadas vezes, algumas mulheres é que têm pernas e rabos bonitos. Felizmente, é o teu caso.
Não sei igualmente o que te dizer quando te referes à eventualidade de algumas mulheres se apaixonarem por mim. Seguro, até hoje isso só aconteceu com uma, o que acabou por lhe ser bastante penoso, desgraçadamente. Ainda estou por perceber como pôde acontecer. Para teu conforto, espero bem que isso não venha a acontecer contigo. Os meus sentimentos procurarei eu gerir da melhor forma que puder e souber.
Agradeço a atenção das notícias em cima da hora. Isso de pontos, vírgulas e pontos de interrogação é só um detalhe. Fico feliz com o teu sucesso, mesmo sabendo da minha incapacidade de concorrer com propostas tão tentadoras quanto aquelas que te foram apresentadas. Era expectável esse êxito, digo eu que te conheço relativamente mal. Obrigado pela simpatia de me associares ao teu sucesso. Permite, no entanto, que te faça um reparo: "porra" não é um termo adequado para ser usado por uma senhora com a tua educação e posição. Admito que o tenhas usada neste contexto de familiaridade, o que te desculpa.
Com um programa tão intenso de conferências, até pela ausência de recursos com que nos confrontamos, não acho sensato que procures reter nenhuma das minhas. Ponderarás melhor o assunto. Depois, voltaremos a falar.
Agradeço o esforço que fizeste e os incómodos a que te deste para que possamos estar uns momentos juntos, colados, num futuro próximo. Estou a precisar muito desse refúgio. No entanto, se a minha mensagem, nos parágrafos precedentes, te desapontou demasiado, não te inibas de cancelar o encontro. Há dias em que não sou capaz de ser mais positivo.
Um beijo grande,

José Cadima

domingo, agosto 24, 2008

“Por esta auto-estrada acima”

“Num país à beira mar plantado, existiu em tempos um ministro que se auto-intitulava de «fazedor de auto-estradas». E, efectivamente, inaugurou algumas, se bem que nunca se lhe conhecessem dotes de cantoneiro ou de servente de obras públicas. Porque lhe pareciam poucas as que inaugurava, implantou mesmo a tradição de as ir colocando ao serviço por troços; 5 km agora, mais 10 pouco depois, mais 7,5 quinze dias volvidos. Outras vezes, inaugurava primeiro as pontes, depois os espaços entre pontes, para, finalmente, cortar a fita do conjunto.
Andava o dito ministro nesta azáfama quando lhe trouxeram a boa (má) nova: havia sido despedido. Distraídos que andavam, ele e os demais ministros, haviam-se esquecido que as estradas não servem só para trazer, servem também para partir, e a hora de dizer adeus havia chegado.
Acabrunhado, sacola ao ombro, lá foi ele à procura de novas vidas, havendo quem diga que, na hora da despedida, procurava abafar o desgosto que lhe consumia a alma repetindo até à exaustão a frase enigmática seguinte: «um dia, ainda hei-de chegar a regedor do Terreiro do Paço e do Campo de Santana».
Ora, acontece que ao «fazedor de auto-estradas» veio a suceder um ministro que, não sendo embora apologista dos celebrados caminhos de cabras, tinha uma aversão especial aos colaboradores, que lhe ficara do tempo em que, ainda bastante moço, usava percorrer a igreja de bandeja em riste recolhendo as oferendas dos devotos. Cientes disto, logo alguns paroquianos mais vivaços reclamaram a abolição das portagens nas respectivas freguesias, não cuidando de esclarecer que a única razão porque reclamavam tratamento particular era por serem afilhados e/ou sobrinhos da D. Felisberta, ela, por seu turno, aparentada com o Sr. do Porto (não confundir com o Senhor Porto).
Instalada que foi a confusão, logo outros de paróquias mais afastadas entenderam não lhes assistir menor razão para se desfazerem das portagens; até porque, não sendo embora parentes da mencionada senhora, tinham também na família alguma Felizmina ou Adalberta.
Estava a coisa neste pé quando alguém, de cujo nome não ficou registo, se lembrou de perguntar quem pagaria as auto-estradas por fazer e, mesmo, a reparação das que haviam sido feitas. E mais perguntou o mencionado cidadão se alguém cuidara de avaliar o impacto sobre a fluidez do tráfego da abolição das portagens.
E a seguir a este cidadão vieram outros que inquiriram sobre os efeitos suburbanos de uma tal política de transportes e comunicações, e sobre o custo social da promoção do transporte individual em detrimento do transporte público. E vieram outros que deixaram outras perguntas, que de tantas serem já não enxergo.
Foi nesta altura que o ministro, empossado de fresco, teve pela primeira vez a sensação que tinha feito mau negócio ao aceitar o cargo. Depois dessa primeira vez, esse mesmo sentimento lhe haveria de ocorrer em múltiplas ocasiões ao longo do seu percurso, embora curto ainda.”

J. C.
(reprodução integral de crónica do autor identificado publicada no jornal Notícias do Minho de 95/12/16, em coluna regular genericamente intitulada “Crónicas de Maldizer”)

Cartas de Amor ou quase

Conseguiste distorcer tudo quanto eu disse.
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Não te incomodo mais. Sei que estás cheia de trabalho, e o tempo que perdeste comigo ontem não te ajudou nada.
-
Dar-me-ás notícias oportunamente, se te sobrarem uns minutos para me dares alguma atenção.
-
Havemos de arranjar alguma coisa, no pressuposto que não te percas de amores pelos lugares para onde vais.

José Cadima

sexta-feira, agosto 22, 2008

A Janela

Há dias em que a janela tenta falar de mim às pessoas que não conheço. Tem vontade de me dar a conhecer. Tem vontade de contar meus segredos a toda gente. Nas ruas da vizinhança, ela fala e tenta não se calar. Tim-tim por tim, conta que esta manhã me ajoelhei perante mim mesmo, ao tropeçar nas escadas. Já dizia eu a mim mesmo: “Um dia cairei para me ajoelhar em frente de algo que todos os dias piso”.
Certo dia, ouvi a janela gritar. Queria contar ao senhor coelho que lá fora passava que eu queria ir atrás dele para o matar. Não podia ser assim! O homem, enquanto caçador, tem que matar para comer. O coelho tem que morrer para que eu possa dizer que comi.
Tranquei-me cá dentro, engendrando modo de a fazer calar. Se a via aberta, fechava-lhe a boca. Lá para fora não diria mais nada. Mas não era isso que a calava: os vidros partiram, como que lábios a rasgar, e a janela falava, falava. Nada a calava.
- Oh janela, cala-te! - dizia eu transtornado – Não contes mais a minha vida aos senhores que moram aqui ao lado.
Já todos sabiam quem eu era na rua; não bastava que soubessem quem eu era em casa. Já todos sabiam onde vivia; não bastava sabê-lo eu. Talvez um dia, bêbado e sem encontrar meu caminho, isso me possa ajudar. A quem enganava eu? Bêbado, sei melhor o caminho para casa. Sempre a direito e contornando as curvas, nunca me engano.
– Mas janela, oh minha janela, cala-te! – Não se calava. Pedi um tempo de silêncio. Não o respeitou… Cada dia que passava, mais as pessoas para mim apontavam. Comentavam umas com as outras quando saia, quando entrava… Perseguiam-me, verdadeiramente. Sei que sim, que sabiam meus segredos, meus fracassos. A janela contara tudo, até o chichi que fizera na cama, em criança. E eles, eles que me perseguiam, usariam isso para me assustar, para me corromper, para me atacar. Estava criada a oportunidade de me chantagearem!
Fartei-me da janela. Não se calava… Metia-me medo, agora mais que nunca. O que iria ela dizer-me a mim? A mim, digo, não aos outros. Os outros, sabia eu que já sabiam tudo. Os outros, sabia eu que me iriam fazer sofrer e destruir. Tinha medo do que a janela me diria. Tinha tanto medo… Poderia ela saber quando eu morreria?
Um dia, sem sequer a fechar, comprei tijolos e cimento e, a bem ou a mal, fechei-a para que se calasse de vez. Achei-me protegido.
- Agora, já não falas. Nada mais lhes dirás! Não lhes poderás dizer que fui para longe. Ficarei a salvo, sabes!? A salvo! Apenas mais esta noite dormirei em casa e, para entrarem, teriam que fazer tanto barulho que me mataria primeiro. Teriam que destruir este muro para aqui entrar.
*
De noite choveu. O vento era tanto… A janela batia. Batia com tanta força… Imaginando-os lá fora, aos outros, aos seus horrores, o homem da janela ficou com tanto medo que agarrou numa caçadeira que tinha, meteu-lhe cartuchos e disparou.

José Pedro Cadima

terça-feira, agosto 19, 2008

Descreve o amor (memória)

– Escreve uma composição descrevendo o amor!
– Não sei!
– Tens que saber!
– Já por mais de mil vezes tentei e nunca o consegui.
Em todos os livros procurei e não achei o significado.
Se não existe definição como posso eu descrevê-lo?
De todas as maneiras como foi descrito o amor
aquela que melhor interpreta o que sinto é a dor.

José Pedro Cadima

segunda-feira, agosto 18, 2008

Sinto-te (Estás longe)

Tão presente te sinto
E tão longe estás… apenas de mim…
Quero sentir-te perto
Perto de mim…
Revelar-te que Te Amo
Que és Tu
Quem eu quero
E Amo

C.P.

sábado, agosto 16, 2008

Cartas de Amor ou quase

Sublinho: se tens coisas por fazer, dá-lhes prioridade. Eu ficarei sempre para uma 3ª ordem de prioridades. Não levarei a mal.
-
Essa é matéria para ser tratada pessoalmente, de preferência, para que tudo resulte muito bem esclarecido.
-
Se achares que não me deves falar mais, aceitarei. Ficarei triste mas aceitarei. Dir-me-ás o que entenderes ou não me dirás nada.
-
Estou, de facto, cansado. Neste caso, não foi culpa tua: um beijo trocado às escondidas não desgasta tanto.
-
Quanto a gostares um bocadinho de mim, não é problema. Eu também gosto um bocadinho de ti.

José Cadima

sexta-feira, agosto 15, 2008

Diário de uma viagem - décimo-segundo dia

Olá,
Já estive a fazer a mala. Ao fim da noite devo acabar de fazê-la. Amanhã volto para Portugal.
"1.1 CADIMA/JOSEMR
1. TP 386 S 03AUG PORTO / LONDRES (LHR) HK1 1620 1835
2. TP 8953 S 03AUG LONDRES (LHR) / MANCHESTER HK1 2050 2155
3. BD 597 E 16AUG MANCESTER / LONDRES (LHR) HK1 1410 1515
4. TP 387 S 16AUG LONDRES (LHR) / PORTO HK1 1925 2135"
No bilhete ainda tem um autocolante da TAP, que tapa a hora. Removo-o ou deixo estar quando o apresentar no check in?
Um abraço,
.
José Pedro G. Cadima
-
Olá,
Compreendo mas, apesar desse acontecimento, Liverpool é a cidade mais activa em termos de música do Reino Unido. As bandas com origem em Liverpool passaram mais tempo no top musical do que as bandas com origem em qualquer outra cidade, mesmo Londres. Repara que já era uma capital da música.
Agora que me vou embora, não tem importância. Nota que eu não disse que isto foi uma má experiência. Também conheci pessoas interessantes, mas é uma cidade onde tenho dificuldade em ir a lugares onde me possa divertir.
Sim, amanhã também tenho aulas. Já me deram o certificado, mas não diz quanto tempo cá fiquei nem em que nível estou. Apenas diz que estive presente nas aulas na EF, em Manchester.
Um abraço,

JPGCadima

quinta-feira, agosto 14, 2008

Diário de uma viagem - décimo-primeiro dia

Olá,
Não foi isso que eu disse. O que eu disse foi que a cidade de Liverpool faz mais o meu género, por isso eu devia ter ido para lá ao em vez de vir para aqui (para Manchester). Não falei em nenhuma ERSA e apenas referi aquela data porque tu e o meu irmão estarão lá nessa altura.
Uma das minhas aulas foi sobre um parque florestal a norte de Manchester; outra foi sobre a cidade a Oeste (Liverpool). Vai haver um festival de música quando lá estiveres. O centro da cidade estará fechado - daí a data de 24/25 de Agosto.
Um abraço,
.
José Pedro G. Cadima
-
Olá,
São só mais dois dias e estou em Braga!
Estou um pouco desapontado porque pensei que seria uma experiência melhor. Liverpool é bem melhor. Parece que os bares e pubs de lá têm muito melhor ambiente e identificam-se muito mais comigo, além de que passam muita música pop/rock.
Um abraço,

José Pedro G. Cadima

quarta-feira, agosto 13, 2008

Desaparecer

Desaparecer: quantas vezes não desejamos nós isso?
Um desejo repentino, surgido após uma cena desastrosa. Quando tudo acontecer, não é aqui que quero estar. Quando tudo se revelar, não quero existir.
Querer desaparecer mantém-nos acordados à noite, muitas vezes. Tentar fechar os olhos ao dia de amanhã. Tenho medo, não sei o que me reserva o dia de amanhã.
Um olhar sobre a vida. Memórias que nos fazem ferida, que nos dão vontade de desaparecer.

Vi-te um dia e decidi que te queria. Tu decidiste não me querer, da mesma maneira. Tive então vontade de desaparecer.
Culpo-te a ti e a todos por me terem dado essa vontade. Vi cada dia passar e dizer-me que tinha fracassado. Ou desapareço ou choro! Chorei.

Escolheste outro. Tu e o outro. Eu e a dor.

Todos os dias te vejo adormecer antes de mim… Espero sempre que os teus olhos fechem e mergulhes nos teus sonhos para que eu possa então chorar.
Mergulhas nos teus sonhos e os meus olhos ganham brilho. Depois, uma lágrima traça um carreiro de água salgada até à almofada onde tento desaparecer.

Tenho na memória a rejeição, o dia em que preferiste outro, os carinhos que perdi. Agora, que te tenho, só falta mesmo fazer desaparecer os parágrafos que surgem acima.
Apagá-los será fácil. Difícil será apagar da minha memória os dias tristes, os dias em que faltaste.

José Pedro Cadima

Diário de uma viagem - décimo dia

Olá,
Bem, eu acho que vale a pena ver. Mas eu vi-o num IMAX, por isso a experiência é diferente - tem um efeito maior na audiência do que um cinema normal.
Certos pormenores são excessivos, mas eu achei-o um bom filme. E tem tempo suficiente: duas horas e tal. É muito mais completo do que outros filmes baseados na banda desenhada.
Um abraço,
.
José Pedro G. Cadima
-
Olá,
Sim, eu sei. Acho que vou 4 horas antes para ter a certeza que encontro o meu terminal.
Fui ver o Batman no ecrã IMAX. Por isso, foi uma boa experiência, já que o ecrã é o maior de Inglaterra.
Um abraço,
.
José Pedro G. Cadima

Seduzir-te (seduz-me)

Sinto o teu carinho
E o sorriso que me fazes chegar.
Tento comunicar contigo
Seduzir-te e ficar a deambular.
As tuas mãos me seduzem
São elo de transmissão.
Mas, às vezes, acordo
E constato que é apenas um sonho
Um sonho que se tornou realidade.
Meu amor, que bom que é voltar a sonhar
Que bom é saber que o amor voltou a brilhar.

C.P.

terça-feira, agosto 12, 2008

A vida pára (memória)

Não há nada que eu te possa dizer
para que te sintas melhor.
E seria estúpido dizer-te que a vida continua,
pois tu sabes tão bem como eu
que a vida pára
naquele exacto momento
em que se deixa de amar alguém.

José Pedro Cadima

Diário de uma viagem - nono dia

Olá,
Penso que dentro de dez anos, com o crescimento de Moçambique, de Angola e do Brasil, serão os franceses a ter de aprender Português. De qualquer forma, não é uma língua que aprecie, tal como não sou fã da cultura francesa.
Hoje vou aos cinemas IMAX (o maior do Reino Unido) para ver o Batman.
Eu tenho dinheiro e tenho um cartão de débito, se necessário. Acho que vou de táxi pelas 10h para ter tempo para procurar o meu terminal.
Um abraço,
.
José Pedro G. Cadima
-
Olá,
Sim, poderão ser excessivos, mas há um ou outro dia que só tenho uma ou duas aulas, como é o caso do dia de amanhã. Por isso, vou tentar.
O indigena que partilha o meu quarto é francês e isso já é mau o suficiente. É uma pessoa simpática, mas não consegue parar quieto e o pior é que há aqui tantos franceses que fala-se mais francês do que inglês e o resto do pessoal fica de fora das conversas.
Um abraço,
.
José Pedro G. Cadima

segunda-feira, agosto 11, 2008

Diário de uma viagem - oitavo dia

Olá,
Acho que o peixe é igual ao que como na cantina da Universidade do Minho. As chips são praticamente iguais, embora um pouco mais gordas que as nossas.
Sim, compreendo isso das coisas diferentes, mas repara que é exactamente a mesma coisa em Portugal. Existem na mesma discotecas e eu já lá fui. Simplesmente não é algo novo.
Sim, a minha mãe parece-me agitada. Metem-se-lhe coisas na cabeça. Deverias conversar um pouco com ela - parece-me preocupada.
Tenho dois enormes projectos para esta semana: vou ler um livro e estava a pensar em escrever uma história. Vamos lá ver se me surge inspiração para o fazer.
Um abraço,

José Pedro G. Cadima
-
Olá,
Repara que eu em Portugal, no Verão, vou sempre a festivais e a concertos, etc. No entanto, são locais frequentados por pessoas com os quais me associo. Aqui, grande parte dos estudantes não frequentam esse género de locais - são mais de discotecas.
Claro que há sítios mais apropriados para mim, isto é, onde eu possa ir. Não há é com quem (encontrei um "nightclube" de HardRock, por exemplo).
Eu gostei do fish and chips, mas ficou abaixo das expectativas. Os pratos mais famosos dos países mediterrânicos parecem-me melhores. Certamente são mais complicados e/ou originais.
Um abraço,
.
JPGCadima

domingo, agosto 10, 2008

Diário de uma viagem - sétimo dia

Olá,
Foi um fim-de-semana estranho. Tive aulas no sábado de manhã e fui à cidade dar uma volta.
É um bocado difícil divertir-me por aqui já que não tenho sorte em encontrar pessoas com as quais me identifique. Encontro muito é daquele pessoal com o qual não me dou, infelizmente.
Fui a um Take away de comida britânica, mas o fish and chips ficou aquém das expectativas.
Um abraço,
.
JPGCadima
-
Olá,
Não penso voltar mais gordo do que quando vim para cá.
Eu tenho uma eterna fase de pouca eficiência no uso do meu tempo. Nem sempre é mau. Poder-te-á fazer bem!
Eu falei com a Isa ao telemóvel e ela tinha assuntos pendentes por isso não respondeu. Obviamente que estou a gerir o assunto. Ela irá voltar aí para responder numa altura em que tenha mais tempo.
Um abraço,
.
JPGCadima

“Onde se fala de Manuela Ferreira Leite e de mau gosto”

“No Notícias do Minho de 9 de Setembro pp., assinado por João Hemingway, surgia um artigo que se reportava a Braga de A a Z, onde, se definia Notícias do Minho do seguinte modo: «sou amigo do director e fica-me mal dizer bem. Faltam algumas coisas, mas sendo o único em Braga que emerge da sociedade civil, é imprescindível que se transforme no jornal de referência».
O leitor mais desatento talvez se questionasse com o que, naquela frase, se queria pôr em destaque na ideia «que faltam algumas coisas», e é por isso que acho louvável a ideia do director de incluir algumas páginas adiante um artigo, na secção «Opinião», que se afigura particularmente esclarecedor. O que é chato, na circunstância, é esse material pecar por excesso ao invés de por defeito, isto é, estar a mais.
A natureza do artigo fica perfeitamente a descoberto logo nos destaques que o editor entendeu fazer, ao enunciar que «o autor lança um olhar sobre questões de fundo do nosso Ministério da Educação» e «gosta de Manuel Ferreira Leite». Tanto bastou para que eu ficasse siderado: eu que me havia convencido que se havia ministério que não tinha fundo nem ponta por onde se lhe pegasse era precisamente o ministério da educação; eu que havia defendido nas páginas deste mesmo jornal que era preciso ser detentor de muito mau gosto para ser atraído pelos olhos ou pelas falas, tudo menos doces, da senhora Manuela Ferreira Leite. Mas é mesmo assim: continua a haver gostos para tudo.
Se os sublinhados do editor são uma obra-prima, que dizer então do conteúdo do artigo propriamente dito?
A resposta não pode deixar de sublinhar: i) o espanto pelo rigor da análise – bem apoiado pela invocação multiplicada de números e índices estatísticos diversos; ii) o espanto e admiração decorrentes do recurso a terminologia técnica identicamente rigorosa, de que retenho especialmente a referência à «revolução da pílula»; iii) o espanto perante a qualidade do discurso literário, bem ilustrado em passagem que se refere às escolas abertas com um só aluno, «este, coitado, sem um condiscípulo para brincar e trocar ideias, dia a dia, ano a ano, acompanhado pelo mostrengo do professor».
E se não fora o espanto, o artigo em epígrafe tocaria pelas perplexidades múltiplas que não podia deixar de despertar no leitor. Já me referi, a propósito, ao fundo do ministério sem fundos, mas que dizer de «caras que não enganam» e de ministros que «devem» ser honestos? Que dizer da expectativa enunciada de virem a ser feitos «edifícios condignos, bem localizados» nos centros urbanos para acolher uma população escolar em franca regressão? Que dizer da notícia sobre o «progressismo» reinante nas repartições e direcções do ministério da educação?
De realçar do conteúdo do artigo a que me venho reportando é ainda a menção que o autor faz à série britânica «Sim, Senhor Ministro». Daí, fica a saber-se que a série não lhe serviu para nada, e mais lhe teria valido continuar a usar o seu tempo assistindo aos concursos e/ou às telenovelas.”

J. C.
(reprodução integral de crónica do autor identificado publicada no jornal Notícias do Minho de 95/10/07, em coluna regular genericamente intitulada “Crónicas de Maldizer”)

sábado, agosto 09, 2008

Diário de uma viagem - sexto dia

Olá,
De facto, desconhecia que já estavas a fazer o meu diário de viagem!
Tentarei não vir daqui mais gordo, mas cozinho muito bem - tenho-me surpreendido!
Já viste algum dos textos da pasta zipada que deixei no meu pc?
Um abraço,
.
José Pedro Cadima
-
Olá,
Era um bar, mas era mais de bebidas do que de comidas, em especial, tinha cerveja sul americana e espanhola. Eu tenho comido bem - tenho uma cozinha no apartamento e é lá que, geralmente, faço massa, arroz ou batatas com carne, peixe e vegetais.
Uma boa novidade: finalmente comi o prato tipico, a saber: Fish and Chips!
Não tenho escrito nenhum diário, mas posso fazer uma compilação dos mails que te tenho mandado!
Um abraço,
.
JPGCadima
-
Olá,
Não me perderia tão facilmente. Sim, digamos que foi uma festa igual. Foi numa discoteca chamada "Copa Cabana", mas não passou música brasileira.
Eu vou sempre dando noticias.
Um abraço,
.
José Pedro G. Cadima

Tic-Tac do Amor

Muito tempo aguardei
pelo Tic-Tac de um relógio.
Máquina pouco emotiva
que tem o sentido que lhe quisermos dar.
O teu relógio me chamou
e ao teu Tic-Tac me rendi.
Mas quando contigo estou
o Tic-Tac pára.
Que será feito do tempo?
Se eternidade para toda a eternidade for
Contigo ficarei.
Atrai-me esse Tic-Tac
Sinto-o, mas ainda bem que pára
Quando contigo estou...

C.P.

sexta-feira, agosto 08, 2008

Diário de uma viagem - quinto dia

Olá,
Como a minha mãe te deve ter dito, eu falei com ela ontem. Ontem não tive oportunidade de ir à internet porque tive aulas e fui visitar o centro da cidade. De noite, fui a uma festa de estudantes da escola.
Referente aos baldistas, na escola está escrito que precisam de ir a 80% das aulas, mas acho que é só para meter medo porque eles continuam a balder-se. Parece-me mesmo que estão aqui pelo turismo.
Sim, já reparei que é dificil traduzir o texto, mas irei modificar o necessário para manter as ideias.
LOL = Laughing out Loud = Rir alto (sonoramente). Neste caso, sim "isto é uma festa".
Como já te disse, aqui não há televisão, mas sempre vejo um ou outro filme em inglês.
Um abraço,
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JPGCadima

quinta-feira, agosto 07, 2008

Cartas de Amor ou quase

"Não te inibas de comunicar comigo sempre que tiveres vontade. Afinal, eu sou o teu actual psicólogo."
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"Disse-te, de facto, o que se passava. Não estou seguro que essa seja sempre uma boa política. Em muitas ocasiões, é preferível deixar de lado certos assuntos, sobretudo quando eles nos tornam infelizes."
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"Obrigado pelas tuas palavras, sempre carinhosas. Confirmo-te que não estarei em condições de te acompanhar esta noite no teu observar das estrelas."
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"Decididamente, eu não fui feito para isto, como provavelmente não fui feito para muitas outras coisas."

José Cadima

Frases soltas

«Se te estás a referir à "crónica de maldizer" que publiquei hoje no meu blogue (em 2 deles), devo confessar-te que é mesmo da autoria de J. C., e não minha, isto é, não é da autoria do signatário desta mensagem, que, como podes comprovar, não assina assim. Tive o privilégio de aceder a uma cópia dos referidos textos, o que me permite publicar um ou outro, de vez em quando.
Estava longe de imaginar que o comentário era teu. É um comentário perspicaz. Tirando a referência ao António Barreto, poderia subscrevê-lo sem reservas.»
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J. Cadima Ribeiro

quarta-feira, agosto 06, 2008

Diário de uma viagem - terceiro dia

Olá,
Tive uma aula esta manhã, mas tenho a tarde livre. Preferi vir para aqui para a internet porque os meus colegas de turma têm aulas que eu não tenho (estão em general), e os que se baldaram são demasiado desportivos. O meu parceiro de quarto está também na aula.
Só me restava mesmo fazer isto (estou a aproveitar para traduzir um dos meus textos).
Não tenho televisão! LOL
Um abraço,
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JPGCadima
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Olá,
Eles têm alguns cozidos e alguns bolos, mas é impossível encontrá-los.
Sim, só fui ao centro uma vez. Manchester é um bocado grande. Eu tenho um bilhete de autocarro que dura uma semana, mas só o usei uma vez porque é um bocado confuso ir de autocarro.
Este fim-de-semana, irei ao centro todos os dias porque sábado de tarde, domingo, e segunda não tenho aulas. Preocupo-me um bocado porque isto não é como em Amesterdão, onde todos os autocarros iam dar ao mesmo local. É um bocado confuso.
Alguns dos meus colegas passam o tempo a ir a Liverpool e a Londres.
Eu já enviei um e-mail à minha mãe. Ela pode não entender, mas para que eu responda é preciso que ela pergunte. De qualquer forma enviar-lhe-ei um em forma de relatório.
Um abraço,

José Pedro G. Cadima
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Olá,
Só fui à cidade uma vez. Parece-me interessante e tem muitos edifícios magníficos, tal como muitos monumentos. Parece-me uma cidade muito moderna, talvez até demasiado, como venho comprovando pela falta de costumes britânicos, em detrimento de milhares de cafés italianos, indianos, franceses (até há uma Chinatown aqui!). Quando perguntei a um professor onde podia encontrar a verdadeira comida britânica, ele disse-me que não sabia porque ele a fazia em casa e nunca a comprava fora. Talvez todos os britânicos sejam assim.
Um abraço,

JPGCadima
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Olá,
Pois, acredito que haja portugueses em todo lado. Há dois que jogam no Manchester United, mas aqui na escola parece que só há um, para além de mim. Talvez haja brasileiros, mas eu não falo com ninguém que comunique em português.
Sim, no meu apartamento existem dois franceses e a minha turma, que é de 15 alunos, tem 6 franceses.
Aprendi francês e não tive necessidade de o usar até hoje. Não aprendo porque até agora nunca senti necessidade do usar. Como tal, mesmo que voltasse a aprendê-lo ou recordar o que aprendi, voltaria a esquecê-lo por falta de uso.
Em relação a este lugar espectacular:
os azulejos da casa de banho estão a cair; quando me sentei no sofá pensei que me ia afogar, porque ele afunda; quando cheguei, uma das cadeiras estava em cima da mesa; temos uma colher para 3 pessoas; o leite tem um sabor esquisito; tive de comprar um conjunto para a minha cama e a almofada tem 1/4 do tamanho normal; as persianas das janelas não funcionam, por isso, quem olhar, consegue ver tudo o que se passa cá dentro; é frio à noite.
Não sei mais nada muito relevante que dizer-te. Quando voltar, contar-te-ei que tipo de aventura isto foi.
Um abraço,

JPGCadima

Choro (memória)

Olho-te nos olhos.
Viras-me a cara
e eu choro.
Falo para ti.
Ignoras-me
e eu choro.
Quero-te. Tu recusas ser minha
e eu choro.
Choro. Tu estendes-me a mão
e eu choro apenas por chorar.

José Pedro Cadima

terça-feira, agosto 05, 2008

Diário de uma viagem - segundo dia

Olá,
Encontraste a pasta com os textos?
Hoje foi o primeiro dia de aulas. Não houve nada demais.
O tema escolhido foi "Fit and Healthy", por isso é muito à base de vocabulário relacionado com o corpo humano. Nada que me esteja a interessar, para já, mas tenho falado muito inglês, embora as línguas mais faladas por estas bandas sejam o francês e o espanhol.
Um abraço,

JPGCadima

segunda-feira, agosto 04, 2008

Diário de uma viagem - primeiro dia

Olá,
Isto é muito caro. Tive de comprar umas coisas para a minha sobrevivência pois no apartamento não há nada, nem utensílios razoáveis; só meia dúzia de coisas quase inúteis - felizmente há um microondas.
Como vês: a Internet não será um problema. Também já tenho uma tomada.
Fiz hoje o meu exame e estou no antepenúltimo nível de inglês - PRE-ADVANCED.
Há um jogo do Manchester na quarta ou quinta. Talvez vá ver.
Amanhã virei à Internet.
Um abraço,
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JPGCadima

“Idiossincrasias Bracarenses”

“Bracarense que sou vai para uma dúzia de anos (antes, tive, pelo menos, duas outras nacionalidades), ainda não consegui entender porque é que a polícia da cidade não faz férias repartidas, à semelhança do comum dos portugueses. Sucedendo como sucede agora, confrontam-se os habitantes desta urbe periodicamente com o espectáculo do aparcamento em plena Avenida Central, ao lado do parque de estacionamento automóvel ou, como também é muito comum, em segunda fila, Avenida da Liberdade acima. São obviamente apenas dois exemplos, gritantes sem dúvida, do transtorno que a inédita programação de férias que a PSP mantém desencadeia na nossa cidade.
Dir-me-ão a propósito que, no fim de contas, tudo não passaria de um assunto interno da corporação se os cidadãos fossem medianamente educados, detentores de algum espírito cívico. Isso são balelas!
Todos sabemos as economias que sucessivos governos e ministros da educação têm realizado poupando na educação dos portugueses, para investirem em cursos de formação profissional, em centros comerciais de Belém, na Exponorte, e em desfiles de gente fina promovidos pela ANJE; para já não fazer menção dos belos carros e espectaculares vivendas de alguns empresários de maior iniciativa, que vamos tendo.
A Dra. Manuela Ferreira Leite não é desse ponto de vista excepção, embora se tenha que reconhecer que padeceu ela própria da mesma filosofia de investimento na educação, não se podendo por isso exigir-lhe mais. Embora haja quem insinue que, neste caso, um esforço maior de formação também pouco adiantaria.
Uma outra idiossincrasia bracarense refere-se ao respeito sagrado que os meus concidadãos mantêm pelos feriados à segunda-feira. Que eu me recorde, nem uma vez assisti ao cumprimento menos zeloso por parte dos residentes de Braga de um feriado ou dia santo agendado para esse dia. O paralelo que encontro com esta consagração das segundas-feiras será, talvez, a repulsa que lhes suscita feriados ou dias santos à sexta-feira, especialmente se se trata do Natal, do ano Novo ou da Páscoa.
Dentro deste mesmo espírito de proceder ao levantamento sumário das idiossincrasias dos cidadãos desta urbe, poderia ainda trazer outros exemplos, como o hábito de comer «pão-de-rosca» ao Domingo ou a peregrinação do mesmo dia ao Feira Nova. Melhor será, no entanto, fazer delas tema de uma próxima crónica.”

J. C.
(reprodução integral de crónica do autor identificado publicada no jornal Notícias do Minho de 95/09/23, em coluna regular genericamente intitulada “Crónicas de Maldizer”)

domingo, agosto 03, 2008

Amar-te

Começo a Amar-te
Verdadeiramente Te Amo, Meu Amor.
Sensação nóbile…
Sabor estonteante, Meu Amor.
Tocar-te
Amar-te até me desfazer
Cair no teu feitiço
Enfeitiçar-me até me perder.
Perder-me de Amor por Ti
Verdadeiramente Te Amo, Meu Amor.

C.P.

sexta-feira, agosto 01, 2008

“Ainda há esperança - IV”

3. Em contexto diverso, impressionou-me também um debate que escutei entre o Dr. António Braga e o Dr. Miguel Macedo, não tanto por falarem os dois ao mesmo tempo, mas, sobretudo, pela contundência da acusação feita ao PSD pelo primeiro dos políticos mencionados de que não sabe ser oposição ou, melhor, não consegue ser oposição responsável.
Ouvindo-o, não pude deixar de reflectir sobre a importância que assume o local de trabalho na formação dos indivíduos, e quanto, muitas vezes, essa aprendizagem em exercício deforma e enforma a postura de um trabalhador. No mesmo passo, ocorreu-me a crítica que vem sendo feita à governação do PS de falta de capacidade de inovação, de mimetização do governo de Cavaco, especialmente nos momentos de derradeiro eclipse.
No saldo do balanço mental que encetei, tenho que admitir que não fiquei entusiasmado com as perspectivas que o PS oferece aos portugueses, ou, pelo menos, a versão António Braga do Partido Socialista.”

J. C.
(reprodução parcial de crónica do autor identificado publicada no jornal Notícias do Minho de 96/06/01, em coluna regular genericamente intitulada “Crónicas de Maldizer”)