segunda-feira, abril 30, 2007

Momentos rosa

Momentos rosa,
pores-do-sol amarelos
e arco-íris brancos…
Onde se escondem?

As abelhas nas flores os procuram,
as toupeiras no solo
e as baleias no fundo do oceano.
O homem? Esse procura-os na lua…

José Pedro Cadima

sábado, abril 28, 2007

Não te sou nada

Eu a ti, não te sou nada;
nem amor, nem desconhecido,
nem ódio, nem amigo…
Eu a ti, não te faço chorar;
não sou chuva, nem neve,
não sou o dia, nem a noite.
Eu a ti, não te faço feliz;
não sou hábito, nem vicio,
não sou encontrado, nem procurado.
Eu a ti, não te sou nada,
nem o mais suave tocar de teus lábios…

José Pedro Cadima

quinta-feira, abril 26, 2007

Havia algo

Havia algo de errado:
era apenas o erro…
Havia algo de certo:
era apenas o sentimento…
Havia algo de fantástico:
eras tu!

José Pedro Cadima

terça-feira, abril 24, 2007

Estrelas no céu

Olha as estrelas no céu!
Parecem-me ser cada vez menos.

Serão elas os nossos sonhos?

José Pedro Cadima

Um certo mundo

Num mundo descoberto
por todos nós,
cada um descobre-o
à sua maneira.

Para uma honra
pouco vista,
com papel ou guitarra,
é necessária alma de artista.

Paradoxal que pareça,
se uma beleza
nos deixa quase sem fala,
é por ela que se chora e grita.

José Pedro Cadima

domingo, abril 22, 2007

Somos todos o mesmo

Somos todos o mesmo:
o mesmo sangue,
a mesma ideia.

Somos todos o mesmo:
o que aprende,
o que ensina.

Somos todos o mesmo:
o que sofre, o que chora;
o que desilude, o que ignora.
Somos todos o mesmo!

José Pedro Cadima

sexta-feira, abril 20, 2007

Exercício de escrita: o raiar do Sol

Em muitos momentos da minha vida fui levado a fazer “exercícios de escrita”. Primeiramente, para aprender a escrever; mais tarde, para dar sentido àquilo que escrevia. Depois do primeiro passo, aprende-se a andar, e na escrita acontece o mesmo. Fiz exercícios de escrita para me corrigir e aperfeiçoar; fi-los no sentido de me divertir. Cheguei a escrever para não deixar crescer desespero em mim.
Chegou a Primavera. Está sem sol e depressa o excesso de tempo livre da Páscoa me deu tempo para pensar e gerar ideias que, por sua vez, me fizeram desesperar. Recorri ao meu exterior, reordenei as ideias e continuei apoiado por algo que não era eu. Precisava de um exercício de escrita, mas algo novo. Fartara-me daquilo que eu no passado fazia: das desculpas momentâneas; das soluções temporárias.
Deu-se-me um furo no hórario escolar e aproveitei para ler (de novo o exterior). Fiz, então, um intervalo para o pensamento, o mesmo que me tinha feito desesperar, e fui para a rua. O sol raiava-me na cara. Sentindo assim os raios, veio-me à cabeça um novo impulso, ainda que narcisista.O sol transmitia-me paz, desejo de paz. O presente é de agora para a frente. O agora é tudo o mais que se possa controlar. O passado é o incontrolável. O futuro, aquilo que não deixamos escapar.
A mensagem só me chegou a mim. Provavelmente, não terá chegado aos outros em razão de simples falta de atenção. Sim, à minha volta ou do outro lado do mundo, estavam todos agarrados a circunstâncias fortuítas. Em nenhum caso, com a excepção do meu, a atenção se dirigiu para o imenso e belo sol que se decidiu a raiar-me com a sua mensagem.
Proponho então a todos os leitores (se, porventura, houver algum), que sigam o meu exercício de escrita, lendo, olhando, ouvindo, cheirando, tocando. Ficam também a saber que este exercício não está destinado a ter um fim (nem todos os textos precisam de um), pois só publicarei um quando tiver o seguinte completo, e assim sucessivamente.
O leitor terá de se ficar pelo penúltimo e fechá-lo com a própria visão de tudo o que ler. Eu farei o mesmo.

José Pedro Cadima

quarta-feira, abril 18, 2007

Odeio-te!

O mais belo poema que alguma vez fiz
procurava a perfeição.
Este que escrevo agora
foi inspirado na tua rejeição.

Uma vez (ou mesmo muitas)
disseram-me (como toda a gente costuma dizer)
que um poema é algo
para mostrar os sentimentos...
Pois bem, aqui está o meu poema:
odeio-te!

José Pedro Cadima

segunda-feira, abril 16, 2007

Lábios no cabelo

No cabelo estão as mãos;
nos olhares, os olhares;
nos lábios, os lábios.
Há beijos para dar.

É assim que deve ser.
É assim que se deve conservar.
Arde em mim
uma paixão.

Arde em mim uma paixão
que me faz beijar teus olhares,
que me faz com os lábios tocar teu cabelo;
uma paixão que me faz ter medo
de aproximar as minhas mãos do teu corpo.

José Pedro Cadima

domingo, abril 15, 2007

Onde se esconde o amor?

Como um tiro,
furou meu peito
e meu coração.

Como uma lança,
trespassou-me,
decepando a fonte da minha inspiração.

Como um machado,
cortou uma artéria
que bombeia o meu sangue.

Como um canibal,
comeu o sentimento
que se esconde no último verso de cada terceto.

José Pedro Cadima

quinta-feira, abril 12, 2007

Chamam-lhes histórias

Dizem eles que são histórias,
mas eu vi-a gerar uma luz na tempestade.
No solo, essa luz criou vida;
no céu, essa luz criou liberdade.

Dizem eles que são histórias,
mas eu vi-a! Como vejo escrever,
eu vi-a! Olhei para ela até doer.
Ainda dói, mas são saudades.

Dizem eles que são histórias,
e ninguém em mim acredita.
Fundam-se em velhas glórias.
Seja a sorte maldita!

Teimam eles serem histórias,
mas aquela luz era bela
e com ela vinha a mais bela donzela,
que até a lua fazia derreter.

Não! Não são histórias.
São desejos… São fantasias.
Mas havia luz.
Eram meus olhos a brilhar!

José Pedro Cadima

terça-feira, abril 10, 2007

Proibi-me de te amar

Sei que não te posso ter
mas...
Queres também proibir-me
de ter ciúmes?
Não podes!
Eu próprio me proibi
de te amar
e nada consegui...

José Pedro Cadima

sexta-feira, abril 06, 2007

Ódio que te sente

Ocasionalmente lembro-me de datar
aquilo que escrevo,
só para manter bem presente
aquilo que sinto.

Não há ódio
tão forte como o do presente,
o que te possui, o que te sente,
pois, em se tratando de ódio,
tu não sentes nada.

José Pedro Cadima

quarta-feira, abril 04, 2007

O nada

Sinto-me...
Ou até nem me sinto;
não estou em mim.
Estou longe de tudo;
estou apenas em tudo
e, como tu dizes,
”Não aconteceu nada!”
Se não aconteceu nada,
pois eu só quero que o nada
continue a acontecer!

Só sinto paixão
e enrolo sentimento.
Fico parado a olhá-los;
vejo o tempo passar.
No amor, porém,
faço eu o tempo andar...

José Pedro Cadima

segunda-feira, abril 02, 2007

Faz-me sentir alguém!

Sorri.
Abraça-me.
Faz-me sentir alguém,
alguém que te quer.
Beija-me.
Olha-me.
Faz-me sentir amado;
faz-me sentir alguém que te quer.
Beija-me e abraça-me assim...

José Pedro Cadima